A CRISE DO ESCRAVISMO
Introdução
A Dinamarca foi o primeiro país Europeu a abolir o
tráfico de escravos em 1792. A Grã-Bretanha veio a seguir, abolindo em 1807 e
os Estados Unidos em 1808.
O Brasil foi o último país da América Latina a abolir
a escravidão.
A Dependência da Inglaterra
Desde que D. João fugiu de Portugal para o Brasil,
com a proteção da esquadra inglesa, seu governo ficou dependente da Inglaterra.
Os comerciantes ingleses tinham tantas vantagens que se tornaram um grupo
influente e poderoso com relação ao governo português.
Como o Brasil passava por problemas econômicos,
começou a se preocupar em diminuir às importações e produzir aqui diversos
produtos. Ora, isso não interessava à Inglaterra, que estava em plena Revolução
Industrial. Além disso, as colônias inglesas produziam açúcar e no Brasil a
produção do açúcar era grande e movida pela mão-de-obra escrava , e fazia
concorrência ao açúcar inglês . Essa situação não agradava a Inglaterra que
mantinha Portugal e consequentemente o Brasil sob seu comando, por causa de
diversos tratados políticos .
Interesses Ingleses
A decisão da Inglaterra de lutar contra o tráfico de
escravos foi mais por causa dos interesses econômicos do que por motivos
humanitários.
Para os ingleses, se houvessem poucos escravos no
Brasil haveria menor produção de açúcar e se, os trabalhadores recebessem pelo
seu trabalho, mais pessoas teriam dinheiro para comprar as mercadorias
produzidas pelas fábricas inglesas.
A Luta Contra o Tráfico
No Congresso de Viena em 1814, a Inglaterra
influenciou os outros países a adotarem a política de abolir o tráfico de
escravos. Assim, foram passadas leis e na Europa, fizeram tratados proibindo o
tráfico.
O Tratado de Ashburton em 1842, entre Inglaterra e
Estados Unidos, propunha que, cada um desses países mantivessem uma esquadra
nas costas da África, para reforçar a proibição do tráfico.
Nos primeiros anos do século 19, a Inglaterra
resolveu interferir de vez nos assuntos de Portugal e do Brasil. Em 1810, D.
João teve que concordar com um tratado para cooperar com o fim do comércio de
escravos, considerando que o tráfico era ilegal. À princípio, apenas acima da
Linha do Equador, depois a Inglaterra exigiu que fosse proibida a entrada de
escravos no Brasil.
A concordância de D. João, deu à Inglaterra
justificativa para sua primeira campanha naval contra os navios negreiros
(tumbeiros) portugueses. Esse patrulhamento fez com que o contrabando de
escravos aumentasse. Os escravos eram desembarcados no Brasil, em lugares
escondidos e vendidos no desembarque.
Com a Independência do Brasil, em 1822, a “proteção”
inglesa se transferiu de Portugal para o Brasil. A Inglaterra avisou que só
reconheceria a independência do Brasil se o tráfico negreiro fosse extinto. Foi
assim que surgiram uma série de leis que deram origem à expressão “prá
inglês ver”, porque essas leis eram feitas mas, não eram cumpridas.
A sociedade brasileira não aceitava o término da
escravidão, porque a estrutura política e econômica do Brasil dependia dos
escravos. O café estava se tornando a grande riqueza do país e a lavoura
dependia da mão-de-obra escrava.
A Inglaterra então, depois da lei (bill) Aberdeen
(que dizia que o tráfico podia ser proibido pela força) usou esse direito e como
era, na época a nação mais poderosa, veio para as costas do Brasil com seus
navios. Desrespeitando as águas territoriais brasileiras, os navios ingleses
afundaram e capturaram navios negreiros. Mesmo assim, a única maneira que os
ingleses encontraram para que os brasileiros tomassem uma séria medida
anti-tráfico, foi ameaçando de mandar seus navios de guerra para os portos
brasileiros.
Assim, em 1850, Eusébio de Queiróz propôs uma lei
(Lei Eusébio de Queiróz) que foi aprovada, extinguindo o tráfico negreiro na
Brasil.
Diminuição dos Escravos
Com o fim do tráfico de escravos, o problema da
mão-de-obra, à princípio foi resolvido, mandando ou vendendo escravos para as
regiões onde houvesse uma lavoura lucrativa. Portanto, a região sudeste, onde o
café estava em expansão, era o lugar mais interessante. Desse modo, havia um
tráfico interno, transferindo os escravos de uma região para outra.
Mas, a população de escravos foi diminuindo
naturalmente. Mesmo sabendo que não poderiam trazer outros escravos, os donos
continuavam a maltratar aqueles que tinham e a mortalidade era grande, um
escravo vivia em média 7 anos. Havia poucos casamentos e quase nenhuma vida
familiar, as péssimas condições de higiene favoreciam as doenças e assim poucas
crianças sobreviviam.
Em 1887, às vésperas da abolição, no município do Rio
de Janeiro só havia 7.488 escravos.
A Sociedade Negra Após a
Libertação
Qual seria a reação dos escravos a esse movimento
abolicionista?
Na verdade não sabemos, porque
todos os relatos da época falam do ponto de vista oficial. É a voz dos
políticos, dos grandes proprietários, da parte da sociedade que tinha
influência.
Portanto, usando a imaginação, vamos achar que, a
grande maioria dos escravos estavam alheios e mudos com relação à toda essa política
em torno de sua libertação. Afinal, com raríssimas exceções, eles não sabiam
ler nem escrever, e a filosofia da escravidão faziam com que eles não fossem
estimulados a pensar e agir, deviam apenas obedecer.
Os escravos mais espertos, que viviam nas cidades com
seus proprietários, estavam mais atentos ao que acontecia, porque faziam
mandados na rua. Alguns até trabalhavam para seus donos e podiam ficar com
algum dinheiro desse trabalho.
Portanto, quando chegou a liberdade os negros não
tiveram condições de se igualarem no mercado de trabalho. Eram considerados
pessoas inferiores e sem qualificações.
Na América Latina e Caribe, nos lugares onde a
população negra era relativamente pequena, eles puderam se misturar à população
local. Isso permitiu uma mistura de raças, fazendo com que não houvesse tantas
distinções.
No México, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina,
Paraguai e Uruguai os negros constituíam menos do que 1% da população.
Na América Central, costas da Colômbia, Venezuela,
Brasil e Caribe, a concentração de negros ia de 2% em Honduras até 99% no
Haiti. Assim com a mistura das raças, como africanos, europeus e nativos, seus
descendentes deixaram de ser considerados “negros”.
Prejuízo para os Negros
As elites da América Latina, eram contra a aceitação
social da população negra. Os que acreditavam no positivismo de Auguste Comte
(filósofo francês) achavam que os africanos estavam muito longe de alcançar a
modernidade e os abandonavam.
Aqueles que aderiam ao Darwinismo social,
consideravam os africanos, uma sociedade pluralista, como sinal de fraqueza,
uma vez que assumiam a superioridade natural da raça branca.
As elites latino americanas do século 19 se recusavam
a aceitar o pluralismo cultural porque temiam dividir o poder com a população
negra doméstica.
Muitas nações latino americanas adotaram leis
proibindo a imigração negra durante o século 19 e em alguns países, como o
Chile, essas leis ainda estão em vigor.
Na maioria dos países, a economia não havia crescido
o bastante nem se diversificado para admitir trabalhadores negros. A maior
parte da população negra, aliás permanece até hoje no último degrau da pirâmide
social.
Quando começou a crise do escravismo os governos
compensaram, não os ex-escravos mas, sim, os proprietários dos ex-escravos ! A
grande massa negra nada possuía nem tinha os requisitos necessários para
competir com a onda de imigrantes que estava chegando a América do Sul.
Conclusão
Entre 1870 e 1963 , o Brasil absorveu por volta de 5
milhões de imigrantes europeus. Uma
grande parte deles tinha, por trás, responsáveis que pagavam seu transporte e
moradia. De modo que, os negros foram sendo cada vez mais marginalizados ,
empobrecendo e sendo discriminados.
Bibliografia
Enciclopédia Encarta 96 -
Microsoft
Silva, Marilene Rosa Nogueira
da - O Negro na Rua
Ed. Hucitec
Conrad, Robert - Os Últimos
Anos da Escravatura no Brasil
Ed. Civilização Brasileira
Campos, Raimundo - História do
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Atual Editora
Beiguelman, Paula - A Crise do
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Ed. Brasiliense
Fenelon, Dea Ribeiro - 50
Textos da História do Brasil
Ed. Hucitec