ð   ÍNDICE

 

 

à  Antecedentes de Guerra                                    pág. 02

à A guerra do Paraguai                                         pág. 05

à Consequências da guerra                                   pág. 07

à Datas importantes da guerra do Paraguai            pág. 09

à Bibliografia                                                       pág. 10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ð   ANTECEDENTES DE GUERRA

 

è O Paraguai antes da guerra

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urante os longos governos de José Gaspar Rodrigues de Francia (1813-1840) e de Carlos Antonio López (1841-1862), o Paraguai teve um desenvolvimento bastante original em relação ao dos outros países sul-americanos. A política de Francia e de Carlos López foi sempre a de incentivar um desenvolvimento econômico auto-suficiente, mantendo o maior isolamento possível em relação aos países vizinhos.

          Foram retomadas tradições indígenas abandonadas pelos colonizadores, como a de realizar duas colheitas anuais. As represas e canais de irrigação, pontes e estradas feitos pelo governo e a valorização do trabalho comunitário elevaram a produtividade do trabalho agrícola.

O governo controlava todo o comércio exterior. O mate, o fumo e as madeiras raras exportados mantinham a balança comercial com saldo. O Paraguai nunca havia feito um empréstimo no exterior e adotava uma política protecionista, isto é, de evitar a entrada de produtos estrangeiros, por meio de impostos elevados. Defendia o mercado interno para a pequena indústria nacional, que começava a se desenvolver com base no fortalecimento da produção agrícola.

Francisco Solano López, filho de Carlos Antonio López, substituiu o pai no governo, em 1862, e deu prosseguimento à política de seus antecessores.

Mais de 200 técnicos estrangeiros, contratados pelo governo, trabalhavam na instalação de telégrafos e de estradas de ferro e na assistência às indústrias siderúrgicas, têxteis, de papel, tinta, construção naval e pólvora. A fundição de Ibicuí, instalada em 1850, fabricava canhões, morteiros e balas de todos os calibres. Nos estaleiros de Assunção, construíam-se navios de guerra.

O crescimento econômico exigia contatos com o mercado internacional. O Paraguai, como se sabe, é um país sem litoral.

 

 

Seus portos eram fluviais e seus navios tinham que descer o Rio Paraguai, depois o Paraná, para chegar até o estuário do Prata, e só daí alcançava o mar.

O governo de Solano López elaborou um projeto para obter um porto no Atlântico. Pretendia criar o chamado Paraguai Maior, com a inclusão de uma faixa do território brasileiro que ligasse o Paraguai ao litoral.

Para sustentar suas intenções expansionistas, López começou a preparar-se militarmente. Incentivou a indústria de guerra, mobilizou grande quantidade de homens para o Exército, que naquela época já tinha serviço militar obrigatório, submeteu todos a um intenso treinamento militar, e construiu fortalezas nas entradas do Rio Paraguai.

No plano diplomático, procurou se aliar no Uruguai ao partido dos blancos, que se encontrava no poder, adversários dos colorados, que eram ajudados por Brasil e Argentina.

Desde que o Brasil e a Argentina se tornaram independentes, a luta entre os governos de Buenos Aires e do Rio de Janeiro pela hegemonia na bacia do Prata marcou profundamente as relações políticas e diplomáticas entre os países da região. O Brasil chegou a entrar em guerra duas vezes.

O governo de Buenos Aires pretendia reconstituir o território do antigo vice-reinado do Rio da Prata, anexando o Paraguai e o Uruguai. Realizou diversas tentativas nesse sentido durante a primeira metade do séc. XIX, sem obter êxito, muitas vezes por causa da intervenção brasileira. Temendo o excessivo fortalecimento da Argentina, o Brasil favorecia o equilíbrio de poderes na região, ajudando o Paraguai e o Uruguai a conservarem sua soberania.

O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência do Paraguai. Na época em que a Argentina era governada por Juan Manuel Rosas (1829-1852), inimigo comum do Brasil e do Paraguai, o Brasil contribuiu para o melhoramento das fortificações e do exército paraguaios, enviando oficiais e técnicos a Assunção. Mesmo assim, a política intransigente de isolamento mantida pelo Paraguai, criava problemas para o Brasil. Como não havia estradas ligando a província de Mato Grosso ao Rio de Janeiro, os navios brasileiros precisavam atravessar todo o território paraguaio, subindo o rio Paraguai, para chegar a Cuiabá. Muitas vezes, porém, era difícil obter do governo de Assunção para ali navegar.

 

           

            No Uruguai, o Brasil realizou três intervenções político-militares. A primeira, em 1851, contra Manuel Oribe, para combater a influência argentina. A segunda, em 1855, a pedido do governo uruguaio, presidido por Venâncio Flores, líder dos colorados, tradicionalmente apoiados pelo Império brasileiro. A terceira intervenção, contra Atanásio Aguirre, em 1864, seria o estopim da guerra do Paraguai.

          Em abril de 1864, o Brasil enviou ao Uruguai uma missão chefiada pelo conselheiro José Antonio Saraiva para exigir o pagamento dos prejuízos causados a fazendeiros gaúchos por fazendeiros uruguaios, em conflitos de fronteira. O presidente uruguaio, Atanásio Aguirre, do partido dos blancos, recusou-se a atender  às exigências brasileiras.

          Solano López ofereceu-se como mediador, mas não foi aceito. Rompeu então relações diplomáticas com o Brasil, em agosto de 1964, e divulgou um protesto afirmando que a ocupação do Uruguai por tropas do Império brasileiro seria um atentado ao equilíbrio dos Estados do Prata.

          Em outubro, as tropas brasileiras invadiram o Uruguai, também com o apoio da Argentina, uniram-se às tropas brasileiras, para depor Aguirre.

 

 

 

 

Também conhecido como sanfona, o acordeom foi inventado pelo alemão Friedrich Buschmann, em 1822. Chegou ao Brasil pelo Rio Grande do Sul, espalhando-se para o norte do país durante a Guerra do Paraguai.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ð A GUERRA DO PARAGUAI

 

 

 

F

oi um conflito armado entre o Paraguai, de um lado, e Brasil, Argentina e Uruguai do outro. Com o pretexto de não ter sido aceito como mediador entre Brasil e Uruguai, Solano López invadiu o Mato Grosso do Sul, e o presidente argentino, em Corrientes, declarou Guerra aos dois países. Em 1865 formou-se a Tríplice Aliança, entre a Argentina, o Brasil e o Uruguai para combater o governo paraguaio. O comando supremo da batalha coube, inicialmente, ao presidente da Argentina, Bartolomé Mitre.

As forças aliadas eram, no início da guerra, muito superiores no lado paraguaio. O Brasil encontrava-se, e muito, bastante despreparado para uma Guerra. A primeira tentativa brasileira de acabar com a invasão de seu território fracassou inteiramente.

Em 11 de junho de 1865, travou-se a Batalha Naval do Riachuelo, na qual a esquadra paraguaia foi derrotada. Essa vitória praticamente decidiu a guerra em favor da Tríplice Aliança, que passou a controlar os rios da bacia platina até a fronteira do Paraguai. Logo depois, os aliados desencadearam a ofensiva.

Entre as diversas batalhas, destacaram-se a do Passo da Pátria, a de Estero Bellaco e a primeira Batalha de Tuiuti, vencida pelos aliados em 24 de maio de 1886. Curuzu foi tomada de surpresa pelo barão de Porto Alegre, mas Curupati resistiu ao ataque de 20 mil argentinos e brasileiros, com o apoio da esquadra brasileira.

Luis Alves de Lima e Silva, na época marquês de Caxias, chegou ao Paraguai em novembro de 1866. Assumiu o comando geral e reestruturou o Exército. Sob a orientação de Caxias, os aliados, depois de demorado cerco, derrotaram a principal fortificação paraguaia, a de Humaitá, em 25 de julho de 1868. Entrando no país, Caxias, em vez de avançar para a capital, já desocupada pela população e bombardeada pela esquadra, marchou para o sul e iniciou a Dezembrada, uma série de vitórias obtidas em dezembro de 1868: Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura.

Em 24 de dezembro, os aliados intimaram Solano López a render-se, mas ele fugiu para Cerro León. Em 1o. de janeiro de 1869, Assunção, a capital, foi ocupada. Logo a seguir, o comando das tropas passou para o Conde D’Eu, que continuou a perseguição a López. Seguiram-se as Batalhas de Campo Grande e Cerro Corá, quando morreu López, em março de 1870.

 

 

CANHÃO DE CAMPANHA LA HITTE -1858

Foto de réplica do canhão original francês que foi adquirido pelo exército brasileiro para armar nossa artilharia durante o mais longo e sangrento conflito da América do Sul.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ð   CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA

 

 

 

Não

houve  um tratado de paz em conjunto. O Brasil não aceitava as pretensões da Argentina sobre uma grande parte do Gran Chaco, região paraguaia rica em quebracho. A questão dos limites entre o Paraguai e a Argentina foi arbitrada pelo presidente norte-americano Rutherford Birchard Hayes. O Brasil assinou um tratado de paz em separado com o Paraguai, em 9 de janeiro de 1872, obtendo a liberdade de navegação no rio Paraguai. Foram confirmadas as fronteiras reinvidicadas pelo Brasil antes da guerra, que foi perdoada somente em 1943.

          Em dezembro de 1975, quando os presidentes Ernesto Geisel (Brasil) e Alfredo Stroessner (Paraguai) assinaram em Assunção um Tratado de Amizade e Cooperação, o governo brasileiro devolveu ao Paraguai troféus de guerra.

          O Paraguai sofreu uma violenta redução de sua população. Em 1870, havia um homem para cada 28 mulheres. As aldeias destruídas  pela guerra foram totalmente abandonadas e os camponeses sobreviventes migraram para os arredores de Assunção, dedicando-se à agricultura de subsistência, na região central do País. As terras das outras regiões foram vendidas a estrangeiros, principalmente argentinos, e transformadas em latifúndios. A indústria entrou em decadência. O mercado paraguaio abriu-se aos produtos ingleses e o país viu-se forçado a contrair seu primeiro empréstimo no exterior: um milhão de libras esterlinas.

          A Argentina foi a principal beneficiada com a guerra. Anexou parte do território paraguaio e tornou-se o país mais poderoso da bacia Platina. Durante todo o tempo da campanha, as províncias de Entre Rios e Corrientes abasteceram as tropas brasileiras com gado, gêneros alimentícios e outros muitos produtos.

 

 

 

 

A Guerra do Paraguai foi a maior batalha ocorrida no continente americano. Para o Paraguai, que havia iniciado um desenvolvimento autônomo, a derrota na guerra marcou uma mudança na história do país, que se tornou um dos mais atrasados da América do Sul.

O Brasil, por usa vez, também pagou um alto preço nessa guerra, mesmo que tenha sido o vitorioso. A guerra foi financiada pelo Banco de Londres e pelas casas Baring Brothers e Rothschild.

Ao longo dos cinco anos de luta, as despesas do Império Brasileiro chegaram ao dobro de sua receita, provocando uma grave crise financeira. Por outro lado, o Exército brasileiro passou a ser uma força nova e expressiva dentro da vida nacional, estava destinado a representar um papel fundamental no desenvolvimento posterior da história do Brasil.

Durante a guerra morreram mais de 1 milhão de pessoas, entre civis e militares, tanto em decorrência dos combates quanto de epidemias e de fome.

 

 

 

BÔNUS

Origem: Paraguai. Assinado por Solano López na época da Guerra do Paraguai

 
   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ðDatas importantes da Guerra do Paraguai

 


1864

 

·     4 de agosto - O Brasil lança um ultimato ao Paraguai

·     30 de agosto - O Paraguai lança protesto contra o ultimato do Brasil

·     12 de outubro - Forças brasileiras invadiram o Uruguai

·     12 de novembro - O vapor paraguaio Tacuari apresou o navio brasileiro Marquês de Olinda

·     13 de dezembro - O Paraguai declarou Guerra ao Brasil

·     27 de dezembro - O forte de Coimbra, em Mato Grosso, foi atacado pelos paraguaios

·     29 de dezembro - Os paraguaios atacam Dourados

 

1865

 

·     3 de janeiro - Corumbá foi ocupada pelos paraguaios

·     18 de março - O Paraguai declarou guerra à Argentina

·     10 de abril - O almirante Tamandaré anunciou o bloqueio dos portos paraguaios

·     1o. de maio - Brasil, Argentina e Uruguai assinaram o Tratado da Tríplice Aliança

·     11 de junho - A esquadra de Barroso derrotou a esquadra paraguaia na Batalha do Riachuelo

·     5 de agosto - Os paraguaios entraram em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, mas foram cercados pelos brasileiros

·     18 de setembro - Rendição dos paraguaios em Uruguaiana

·     29 de novembro - Solano López estabeleceu seu quartel-general no Passo da Pátria

 

1866

 

·     18 de abril - Os aliados ocuparam o forte Itapiru

·     19 de abril - Solano López retirou-se do Passo da Pátria com a maior parte do seu exército

·     2 de maio - O general Osório e o chefe uruguaio Flores derrotaram os paraguaios em Estero Bellaco

·     24 de maio - Primeira Batalha de Tuiuti, vencida pelos aliados

·     15 de julho - Osório passou o comando do 1o. corpo de exército brasileiro ao general Polidoro Jordão

·     3 de setembro - Tomada de Curuzu pelo barão de Porto Alegre

·     10 de outubro - Caxias foi nomeado comandante-chefe das forças brasileiras no Paraguai

·     22 de dezembro - O vice-almirante Joaquim José Inácio assumiu o comando geral da esquadra brasileira no Paraguai

 

1867

 

·     9 de fevereiro - Mitre entregou o comando dos exércitos aliados a Caxias

·     21 de abril - O coronel Camisão invadiu o território paraguaio

·     8 de maio - Começou a Retirada da Laguna, dirigida pelo coronel Camisão

·     13 de junho - Corumbá foi reconquistada pelos aliados

·     1o. de agosto - Mitre reassumiu, em Tuiu-Cuê, o comando geral  dos exércitos aliados

·     3 de novembro - Segunda Batalha de Tuiuti: as forças do barão de Porto Alegre derrotaram os paraguaios

 

1868

 

·     13 de janeiro - Caxias assumiu pela segunda vez o comando geral dos exércitos aliados: Mitre não voltou mais à guerra

·     25 de julho - Queda de Humaitá, a principal fortaleza paraguaia

·     29 de novembro - Navios brasileiros, sob o comando do barão da Passagem, bombardearam Assunção

·     6 de dezembro - Batalha de Itororó, ganha por Caxias

·     11 de dezembro - Batalha do Avaí, ganha por Caxias

·     24 de dezembro - Os generais aliados enviaram nota a Solano López, intimando-o a depor as armas; López recusou

·     27 de dezembro - Batalha de Itá-Ibaté, nas Lomas Valentinas. Derrotado, López fugiu para Cerro León

·     30 de dezembro - rendição dos paraguaios em Angostura

 

1869

 

·     1o. de janeiro - Ocupação de Assunção pelo coronel Hermes da Fonseca

·     5 de janeiro - Entrada de Caxias em Assunção

·     18 de janeiro - Caxias passou o comando do exército ao general Guilherme Xavier de Sousa

·     22 de março - O conde D’Eu foi nomeado comandante-chefe das forças brasileiras no Paraguai

·     25 de maio - O coronel Manuel Cipriano de Morais expulsou os paraguaios de Cerro León

·     15 de agosto - Instalação de um governo provisório do Paraguai, em Assunção

·     2 de outubro - Decretada a abolição da escravatura no Paraguai; o decreto foi lavrado a pedido do conde D’Eu

 

1870

 

·     1o. de março - O general José Antônio Correia da Câmara alcançou o acampamento de Solano López em Cerro Corá. López foi morto

·     20 de junho - Acordo preliminar de paz, assinado em Assunção

 

1872

 

·     9 de janeiro - Tratado de paz entre o Brasil e o Paraguai