1 - O QUE PARECE, MAS NÃO É
INVASÃO HOLANDESA - A LUTA
DOS ESTRANGEIROS
Com a expulsão
dos holandeses da Bahia, a Companhia das Índias Ocidentais, teve grandes
prejuízos econômicos. Uma poderosa esquadra foi aparelhada para atacar
Pernambuco, em conseqüência da produção açucareira. O governador Matias de
Albuquerque não dispunha de forças suficientes para resistir: fugiu, então,
para o interior, onde fundou o Arraial do Bom Jesus. Para combater os
holandeses, adotou a tática da guerrilha, que estava dando bons resultados até
que Calabar decidiu auxiliar os holandeses.
Maurício de
Nassau realizou uma habilidosa administração, fazendo diminuir a revolta dos
luso-brasileiros contra a ocupação holandesa.
Na Batalhas de
Guararapes, os holandeses foram obrigados a render-se.
Um fato pouco
discutido na história do Brasil é a forte presença dos judeus em Pernambuco. A
sociedade pernambucana era dividida em escravos e senhores. Os judeus eram
comerciantes e artesãos. Os judeus preferiam os holandeses, porque prometiam
espaço econômico e político, mas acabavam vítimas da repressão holandesa, sendo
seus cultos proibidos e as sinagogas fechadas. Seu líder era o rabino Isaac
Aboab da Fonseca. Expulso, partiu em 12 de setembro de 1624, acompanhado de
vários membros da antiga comunidade. Foram para o norte da América e fundaram a
cidade de Nova Iorque.
O estudo
histórico afirma que a luta contra os holandeses criou um sentimento favorável
aos nativos como índios, negros e brancos que defenderam a pátria, em comum
amor por sua terra. Como conseqüência aclamaram Amador Bueno, em São Paulo no
ano de 1641, como se refugiando no mosteiro São Bento para não morrer.
A rebelião
conhecida como Nosso Pai, em 1666, em Pernambuco era para libertar Pernambuco
de Portugal. O capitão-general Jerônimo Furtado de Mendonça foi derrotado,
preso e mandado para a Europa e ficou encarcerado numa fortaleza na Ásia.
Essa invasão, a
holandesa envolveu muitas pessoas e muitas foram mortas. Criou heróis como
Filipe Camarão e Henrique Dias.
BECKMAN - A LUTA DA NOBREZA
Foi liderada
pelo senhor de engenho Manuel Beckman e seu irmão Tomás, tendo como palco o
Estado do Maranhão, em São Luís em 25 de fevereiro de 1684.
O motivo foi a
falta de mão-de-obra, porque poucos negros chegavam ao Maranhão e os índios não
podiam ser escravizados. Isso criou vários choques entre colonos e religiosos
deste 1624, antes da rebelião de Beckman.
Chega no
Maranhão, em 1653, padre Vieira. Em 1655, atribui aos jesuítas os cuidados dos
negócios indígenas. Em 1661, há um sério conflito, e os jesuítas são expulsos.
Em 1667, sobe ao trono o rei D. Pedro II e os jesuítas voltam a ter influência,
e padre Vieira obtém do rei um decreto dando liberdade aos índios.
Sem índios
escravos, falta mão-de-obra, então a Companhia de Comércio oferecia-se mandar alimentos importados e a comprar a
produção maranhense. Mas isso não aconteceu pois, não chegavam os produtos e os
negros eram poucos e o valor era alto.
Um novo
governador foi enviado, Gomes Freire de Andrade, que chegou para aplicar duras
penas aos líderes rebeldes. Manuel Beckman e mais dois chefes do movimento
foram enforcados.
EMBOABAS - A LUTA PELO OURO
Os paulistas
abriram os sertões para descobrir ouro e os portugueses injustiçados com a
ambição dos paulistas, provocou conflitos e isso gerou a Guerra dos Emboabas.
Os portugueses eram conhecidos como emboabas. A guerra começa com o cerco de
Sabará pelos emboabas, incendiando aldeias e matando pessoas. Os paulistas
procuram desforra. Ocorreu uma sangrenta matança de diversos paulistas, no
chamado Capão da Traição, não importa quem o consiga, ou paulistas ou emboabas.
O final da Guerra dos Emboabas foi desfavorável aos paulistas. Quando voltam derrotados
são chamados de covardes e retornam à luta para vencerem.
A guerra durou
dois anos (1708 a 1710) e o que os paulistas queriam era apenas o ouro.
MASCATES - A LUTA DOS COMERCIANTES
1º Os senhores de engenho foram incapazes de imaginar sua
fortuna entrando em declínio, em função da queda dos preços do açúcar no
mercado europeu. Sofrendo a crise dos preços do açúcar , os senhores de engenho
começaram a recorrer aos mascates. Enquanto os mascates prosperavam nos seus
negócios, os senhores de engenho tornavam-se, dia-a-dia, mais endividados.
2º Conscientes de sua importância como classe social, os
comerciantes do Recife solicitaram ao rei de Portugal, que seu povoado fosse
elevado a categoria de vila. Queriam ver Recife dona de sua própria Câmara
Municipal, independente de Olinda, para a qual devia impostos e obediência
administrativa.
Para garantir
suas posses os senhores brasileiros fizeram a guerra. Ao final do conflito, os
mascates saíram vitoriosos.
BALAIADA - A LUTA DOS QUE NÃO SABEM
Foi uma revolta
popular ocorrida na Província do Maranhão entre 1838 a 1841. Envolveu grande
número de sertanejos. Teve início com uma luta que envolveu pessoas de dois
grupos políticos opostos: os bem-te-vis, que defendiam posições liberais, e os
cabanos, que defendiam posições conservadoras.
Raimundo Gomes
Vieira, conhecido como Cara Preta, aproveitou um incidente ocorrido em 13 de
dezembro de 1838, na Vila da Manga, para provocar a luta e resolveu assaltar a
cadeia, para libertar os presos.
A luta entre
bem-te-vis e cabarros alastrou-se pelo sertão de todo a Província, e o líder
oposicionista Raimundo Teixeira Mendes é assassinado.
Manuel dos Anjos
Ferreira, fabricante de balaio, e por isso apelidado de Balaio, foi à luta
porque queria vingança. É bem característico dos balaios, pois todos queriam
vingar-se de alguma coisa.
Em julho de
1839, os balaios conseguiram conquistar a cidade de Caxias, no interior
maranhense.
Para conter a
revolta dos balaios, o Governo Regencial enviou tropas. A esta altura, os
próprios políticos bem-te-vis, perdendo o controle sobre os sertanejos,
resolveram apoias as tropas governamentais. Tais tropas eram comandadas, em 04
de fevereiro de 1840, pelo Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque
de Caxias que, sem muita dificuldade, conseguiu controlar a região.
Os principais
chefes da Balaiada foram:
¦ Manuel dos Anjos Ferreira: fazedor de balaios
¦ Cosme Bento das Chagas: líder dos escravos fugitivos
¦ Raimundo Gomes: vaqueiro
Raimundo Gomes
continuou lutando, sendo preso e morreu no navio que o levava a São Paulo.
Cosme, foi
capturado vivo, foi morto por enforcamento.
Em 13 de maio de
1841, Caxias dava por finda a repressão.
2 - INDEPENDÊNCIA OU MORTE?
INCONFIDÊNCIA MINEIRA - A LUTA DOS POETAS E RICOS
Dona Maria I,
rainha de Portugal, por um alvará de 1785 proibiu quaisquer manufaturadas do
Brasil. Dentro os fatores que tornaram precária a situação econômica de
Portugal, no séc. XVIII, conta-se o célebre Tratado de Mthuen. (1703).
Esse tratado em
questão, aparentemente favorável a ambas as partes, estipulava o seguinte:
¦ ficariam os portos de Portugal abertos aos tecidos de
origem inglesa
¦ os vinhos portugueses passariam a pagar, na Inglaterra,
apenas 2/3 dos direitos de importação que pesavam sobre os demais.
O famoso Marquês
de Pombal, dirigiu a partir de 1750 os destinos de Portugal. O ouro, que há muito tempo vinha sendo explorado,
estava diminuindo e o trabalho dos mineiros foi-se tornando cada vez menos
rendoso. Em Minas Gerais, contudo, deviam os mineradores responsabilizar-se por
um mínimo de cem arrobas, quando havia atraso no pagamento as autoridades
procediam à Derrama, ou seja, a cobrança de todos os impostos atrasados.
Devido a isso,
começou-se a Inconfidência Mineira. Foi na verdade uma rebelião de gente rica.
Os grandes
inconfidentes eram homens de famílias abastadas que lutavam para implantar a
democracia e a livre-concorrência econômica.
Participavam
desse grupo:
¦ Cláudio Manoel da Costa: minerador, poeta e escritor
¦ Alvarenga Peixoto: minerador latifundiário
¦ Tomás Antonio: poeta
¦ Joaquim José da Silva Xavier: alferes
O projeto dos
inconfidentes incluía medidas como:
¦ Constituir uma República
¦ Instalar uma Universidade
¦ desenvolver manufaturas no País
¦ estimular a agricultura, doando terras as famílias pobres
Belos planos,
mas que foram por água abaixo, porque entre eles havia um traidor chamado
Joaquim Silvério dos Reis. Ele contou tudo ao governador, este, para que a revolta
não estourasse, mandou suspender a cobrança dos impostos atrasados, a derrama,
porque sem a derrama os inconfidentes perdem o maior motivo para sensibilizar o
povo e estimular o apoio à revolta.
O resultado foi
a prisão de Tiradentes em 10 de maio de 1789, no Rio. Os outros foram presos em
Minas, dias após.
Depois de muitos
interrogatórios, saiu a sentença: Tiradentes foi condenado a morte e os outros
foram expulsos do Brasil e mandados para a África.
Tiradentes foi
enforcado, seu corpo dividido em partes colocados em postes e sua cabeça
apodreceu em Vila Rica.
Apesar de todas
as atrocidades, a chama da liberdade que Tiradentes acendeu não se apagou.
Haveria ainda outras lutas, até que o sonho de independência dos inconfidentes
de tornasse realidade.
A LUTA DE “QUASE” TODOS
No século XIX, apesar de todas
as lutas, o Brasil ainda era colônia de Portugal. As idéias de independência e
revolução se espalhavam, então, o governador de Pernambuco, sabendo dos planos
através de uma denúncia, mandou prender os líderes do movimento. O general
Barbosa de Castro, que estava encarregado de prendê-los, foi morto no próprio
quartel. Ao saber, desta notícia, o Governador mandou Alexandre Tomás submeter
os rebeldes, este, porém, também foi recebido a tiros, morrendo em seguida.
Em 8 de março de 1817 estava
constituído um governo republicano em Recife. Em 19 de março a Paraíba instala
a sua República. Nos dias 02 e 15 de maio ocorreram combates de Utinga e
Pindoba. O governo republicano renuncia e a 20 de maio de 1817 os portugueses
esmagam a República.
Em seguida, foi constituído um
Governo Provisório que tinha como propostas básicas:
- proclamar a República;
- abolir alguns impostos;
- elaborar uma Constituição.
Essa Constituição, estabelecia
a liberdade religiosa e de imprensa, bem como a igualdade de todos perante a
lei. Não querendo ferir os interesses dos senhores de engenho, os
revolucionários pernambucanos adotaram, quanto à escravidão negra, uma posição
que contrariava a ideologia liberal de Revolução. Diziam desejar a abolição da
escravidão, mas de forma “lenta, regular e legal”.
Todos os líderes do Movimento,
entre eles Teotônio Jorge, José de Barros Lima, Pedro de Sousa em 10 de julho
de 1817. Muito sangue correu, era o governo português mantendo a todo custo, o
seu poder.
CONFEDERAÇÃO
DO EQUADOR
a luta contra a contra - revolução
Em 1821 João VI volta para
Portugal, e os portugueses reorganizam as formas de explorar a colônia. A
burguesia mercantil queria liberdade comercial. Com a presença inglesa cada vez
mais forte na economia brasileira, era claro que um dos dois grupos, a
burguesia mercantil ou os brasileiros republicanos faria a independência.
As coisas começam a mudar.
Mesmo José Bonifácio, chamado de Patriarca da Independência só acerta a causa
da separação de Portugal em agosto de 1822.
O 7 de setembro foi mais um
golpe contra-revolucionário para esmagar as insurreições libertárias e
republicanas que um ato contra Portugal. Foi um ato contra-revolucionário que
enfraqueceu a verdadeira revolução libertária, atrelando o Brasil à Inglaterra
e mantendo as mesmas relações econômicas e políticas da colônia, permanecendo
os privilégios dos grandes senhores latifundiários e da burguesia mercantil:
posse da terra, da administração e dos escravos.
Seguro no poder, Pedro I trai
seus compromissos políticos, ao dissolver a Assembléia Constituinte de 1823 e
outorgar uma Constituição.
Em 1824, surge a insurreição
conhecida como Confederação do Equador, que é o movimento revolucionário
pernambucano que se manifesta em reação à política absolutista de D. Pedro I.
A trincheira do veterano das
revoluções libertárias foi ocupada por Frei Caneca, que atacava D. Pedro I,
classificando o Poder Moderador com a “chave da opressão da Nação Brasileira”.
Ao tomar conhecimento das
proporções do movimento revolucionário que se espalhava pelo Nordeste, D. Pedro
I, rapidamente, tratou de organizar tropas militares para impedir que a
Confederação do Equador se impusesse como uma realidade definitiva.
Por altos preços, o Imperador
contratou uma esquadra naval, comandada pelo escocês Lorde Cochrane, uma força
terrestre comandada pelo brigadeiro Lima e Silva para matar os revoltosos.
Em 12 de setembro de 1824,
soldados vencem os confederados em Recife, que fogem para Olinda e rendem-se.
Diversos líderes do movimento
foram presos e condenados à morte; outros conseguiram fugir.
Entre os condenados estava
frei Caneca que recebeu a pena de enforcamento. Esta pena, contudo, foi
transformada em fuzilamento, porque não havia em Pernambuco nenhum carrasco que
se dispusesse a levar o frei à força. E, assim, a violência oficial sufocou a
Confederação do Equador.
Assim, em 7 de setembro de
1822, foi proclamada a Independência, rompendo-se oficialmente os laços da
dominação política portuguesa.
3
- O POVO SEDUZIDO
SABINADA
- a luta bem falada
Os liberais de Salvador
estavam agrupados e deram origem às idéias que iriam desembocar na rebelião
conhecida como SABINADA.
O plano de sabinos era
proclamar uma República na Bahia, mas eles não pretendiam que o regime
republicano vigorasse para sempre. Este duraria enquanto o rei-menino fosse
menor e estivesse impossibilitado de assumir o poder.
As camadas inferiores da
população não participaram da Sabinada. Era portanto, uma revolta da camada
média.
Há pontos em comum entre os
Sabinos e os Farrapos. O líder farroupilha Bento Gonçalves esteve preso em
Salvador, onde influiu sobre o ânimo dos baianos. Os Sabinos eram ideológicos e
os Farrapos mais pragmáticos.
A Sabinada obtém a vitória em
7 de novembro de 1837 com a adesão de parte das tropas do governo. O Império
contra-ataca e vence em 15 de março de 1838. Sabino foi deportado para o Mato
Grosso, onde morreu.
A Revolução Farroupilha, também
conhecida como a Guerra dos Farrapos, foi a mais longa revolta de todo o
período regencial e imperial e ocorreu na Província do Rio Grande do Sul.
Os motivos de ordem econômica
estão entre suas principais causas: o R.S. era um grande produtor de charque. O
seu mais importante centro consumidor eram as Províncias do Nordeste. Os
produtores gaúchos reclamavam do Governo Central uma maior proteção para o seu
negócio , em da concorrência que sofriam de Países como o Uruguai, a Argentina
e o Paraguai que exportavam para o Brasil. Reclamavam também dos baixos preços
para os seus produtos, dos autos impostos, etc...
Num manifesto de 29 de agosto
de 1938, Bento Gonçalves, com razão, denunciava o assalto do Governo Central
contra o Rio Grande, pois o Rio Grande estava sendo descapitalizado,
transformando numa estalagem do Império.
Cresce-se a essa situação uma
estiagem em 1832, prejudicando toda a colheita e seca as pastagens, matando o
gado. Em 1833, enchentes que alagam as terras baixas. Em 1834, uma praga de
carrapatos atacam os animais.
A temperatura política começa
a ferver no início de 1835, quando se instalou a Assembléia Legislativa. As
hostilidades dos farroupilhas contra Fernandes Braga, culminaram, no dia 20 de
setembro, com choques armados nos arredores de Porto Alegre. Feijó preferiu,
entretanto, enfrentar Bento Gonçalves, enquanto Fernandes Braga Foge para o Rio
Grande. O Governo Central nomeia Araújo Ribeiro, que não consegue tomar posse,
então Bento Manuel Ribeiro abandona os farrapos e luta pelo governo.
Em 1837, Bento Gonçalves
conseguiu fugir.
A República de Piratini luta
contra o Império. Tempo depois, Bento Gonçalves está de volta, liderando a
guerra. Garibaldi aparece, funda-se em Santa Catarina a República Juliana.
Desde 1842 que o futuro duque
de Caxias está no governo do Rio Grande, enviado pelo Império. É um grande
organizador. Refaz o exército imperial, celebra acordos com Manuel Oribe. E ao
seu lado está Bento Manuel Ribeiro.
Em 26 de maio de 1843,
acontece a Batalha de Ponche Verde, que os farrapos vencem, comandados por Davi
Canabarro. Em 1845, foi assinado um tratado de paz entre as tropas imperiais.
Os farrapos aceitam o acordo. Eis alguns dos seus artigos:
- o indivíduo indicado presidente da Província é aprovado pelo
Governo Imperial.
- os oficiais republicanos que forem indicados passarão a
pertencer ao Exército do Brasil no mesmo posto, e os que não quiserem pertencer
ao Exército não serão obrigados a servir.
- todos os cativos que serviram a República, terão direito à
liberdade.
- em toda sua plenitude, será garantida a segurança individual
e de propriedade.
- Governo Imperial tratará da linha divisória com o Estado
Oriental.
Os farrapos evitam os escravos
na suas tropas, porque em caso de vitória, podem causar mudanças na situação,
mas na guerra, os farrapos incorporam os negros às tropas com vigilância
especial. Os negros não chegavam a oficiais porque eram comandados por brancos.
Em 14 de novembro de 1844,
acontece a batalha de Porongos que é a forma arranjada entre Caxias e Canabarro
para exterminar os negros.
A Revolução Farroupilha
termina com o extermínio de negros escravos, onde escondem-se dois heróis sob a
capa da traição para entrar na história usando o poder.
Foi uma grande revolta
popular. Dela participaram pessoas vindas da camadas mais pobres da sociedade.
Tratava-se dos cabanos, uma
extensa multidão de pessoas humildes, constituída de negros, índios e mestiços
que moravam em cabanas, quase todos viviam à beira dos rios, em estado de
absoluta miséria.
A revolta dos cabanos era,
portanto, uma tentativa para modificar aquela situação de injustiça social de
que eles eram vítimas.
É ela um dos mais, senão o
mais notável movimento popular do Brasil. É o único em que as camadas mais
inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província com
certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, apesar da falta de
continuidade que o caracteriza, fica-lhe contudo a glória de ter sido a primeira
insurreição popular que passou da simples agitação para uma tomada efetiva do
poder.
Foi a revolta dos liberais
exaltados de Pernambuco que constituíam o Partido da Praia.
Em 1848, o partido dos
liberais exaltados indispôs-se contra a situação de Pernambuco, onde o poder
econômico era dominado pela aristocracia rural e pelos comerciantes
portugueses. O povo em geral vivia em permanentes dificuldades econômicas.
Em 7 de novembro de 1848
começa a insurreição.
Foi na Revolução Praieira que
, pela primeira vez no Brasil, as influências socialistas modernas se fizeram
sentir. O Manifesto do Mundo, publicado a 1º de janeiro de 1849, revela a
influência dos movimentos socialistas europeus e, sobretudo, da insurreição
operária de 1848 na França. Apesar da omissão quanto ao trabalho escravo, entre
as medidas propostas constavam o voto livre e universal, a liberdade de
imprensa, o trabalho como garantia de vida para o cidadão, a extinção do Poder
Moderador e a Reforma do Poder Judiciário para garantir os direitos
individuais.
O líder da Cabanada, Vicente
de Paula, tem papel destacado na perseguição aos praieiros Pedro Ivo e Caetano
Alves.
O movimento começou em 7 de
novembro de 1848 e foi sufocado em 4 de abril de 1849, com a rendição em Água
Preta. Em 28 de novembro de 1851 o Império da anistia aos praieiros.
4
- O POVO VAI À LUTA
ÍNDIOS
- a luta de quinhentos anos
É muito comum ouvir falar em
Descobrimento do Brasil. Essa expressão refere-se ao fato de os portugueses
terem encontrado uma terra que até então (1500) era desconhecida dos europeus.
Em 1500, portanto, o Brasil foi descoberto para os europeus.
Todos sabiam que já viviam
milhões de índios, portanto, esta terra
não era desconhecida e sem dono. Ela estava distribuída entre os numerosos
grupos indígenas que a ocuparam. É verdade que a idéia de posse e propriedade,
no caso dos índios, não tem mesmo sentido que tinha para os portugueses e que
ainda tem para nós, ou seja, o sentido de propriedade privada.
O território pertencia aos
índios, era ocupado por eles, assim, a presença dos portugueses foi uma
ocupação, uma invasão. Os europeus julgavam que os povos “não civilizados” não
tinham os mesmos direitos que eles, como o da posse das terras. Os europeus
consideravam-se donos do mundo e achavam que todos os outros povos deviam
seguir as leis que existiam na Europa. A hostilidade e as guerras dominaram o
relacionamento entre portugueses e índios. Estes foram exterminados pela
ambição e sede de lucros dos invasores que, achando-se no direito de ocupar a
nova terra, foram destruindo tudo o que encontravam pela frente.
Ainda hoje existe a idéia de
que os índios são seres inferiores, que não têm os mesmos direitos que os
brancos. É essa a mentalidade que nos foi transmitida pelos colonizadores.
Seria muito mais fácil para
eles justificar o extermínio dos índios se estes fossem considerados seres
inferiores, sem nenhum direito, nem mesmo à vida.
O mundo do índio começou a
desmoronar no momento do encontro com o branco. Este considerava-se superior,
dono da verdade, com direito sobre a terra, a liberdade e a própria vida do
índio. Os conquistadores europeus chegaram ocupando a terra do índio,
obrigando-o a trabalhar em troca de objetos de pouco valor e matando quem
resistisse.
Diante dos invasores
portugueses, os índios reagiram violentamente, promovendo uma guerra sem
tréguas contra o invasor branco, tentando expulsá-lo do Brasil. Essa foi a
primeira reação dos indígenas quando perceberam as intenções dos portugueses,
de tomar conta da terra, dominando tudo.
No confronto armado os índios
levaram a pior pois viviam dispersos e não tinham como unir-se para enfrentar
os invasores, suas armas eram menos poderosas que as dos portugueses, que já
tinham aramas de fogo.
Não podendo vencer e expulsar
os portugueses, muitas tribos indígenas tentaram conviver pacificamente com
eles. Nesse caso, também os índios levaram a pior, porque, foram obrigados a
abandonar os costumes de sua gente, e a trabalhar para os brancos como
escravos, e ainda ficaram sujeitos a todas as doenças dos brancos, contra as
quais seus organismos não tinham defesa.
Aqui também o resultado foi o
extermínio do índio, embora de forma mais lenta do que na guerra.
Sem poder enfrentar o branco
na guerra e não querendo conviver pacificamente com ele, muitos indígenas
resolveram fugir para o interior do Brasil na tentativa de manter um modo de vida
próprio, longe dos invasores.
Mesmo assim os índios se deram
mal, pois os invasores organizavam expedições armadas para aprisioná-los com o
objetivo de os escravizar.
Como se vê, de uma forma ou de
outra, os índios saíram perdendo em sua luta contra os portugueses. Hoje, os
poucos índios que restam, tentam manter em suas mãos as poucas terras que ainda
possuem. Para isso estão lutando para que essas terras sejam demarcadas, isto
é, tenham diversas bem claras, para impedir a invasão dos fazendeiros e das
grandes empresas agropecuárias.
Um fator, decisivo para a
substituição do trabalho indígena, foi a baixa produtividade.
Além de lutar tenazmente
contra a escravidão, o índio era mau trabalhador, de pouca resistência física e
baixíssima eficiência. Além disso, não sabia trabalhar metais, apenas atingira
o estágio da pedra polida, e só conhecia métodos muito rudimentares de cultivo.
Não podia, por isso, adaptar-se às técnicas requeridas na grande lavoura. A
escravidão negra foi a solução alternativa.
Os negros não eram
considerados pessoas, mas simples mercadorias, coisas. Por isso não eram
contados como gente-dois homens, dez homens - mas vendidos em peças e em
toneladas.
Eram as “peças das Índias”,
“peças da África”, as “toneladas de
negros” representando os “sopros de vida”, “os fôlegos vivos”. A própria forma como se comercializavam os
negros africanos era reflexo da sua desumanização: não se vendia um negro, dois
negros, vendiam-se peças; uma peça não significava um negro, como uma tonelada
não significava mil quilos de negros.
O quilombo de Palmares durou
57 anos.
Palmares surgiu no início do
século XVII e começou a crescer bastante por volta de 1630, onde o domínio
holandês em Pernambuco e a subsequente resistência dos luso-brasileiros ao
invasor resultaram na desorganização das lavouras com a fuga de escravos que se
intensificou.
Quando conseguiam fugir
reuniam-se em comunidades chamadas quilombos. O quilombo era formado por
aldeias, chamadas mocambos.
Palmares chegou a ter milhares
de habitantes negros e seu principal comandante foi Zumbi.
A Guerra dos Palmares foi uma
das mais importantes do Brasil Colonial. De 1644, quando aconteceu o primeiro
ataque, até 1695, quando o Zumbi foi assassinado, Palmares foi atacado mais de
trinta vezes.
A morte de Zumbi, segundo
Domingos Jorge Velho, teria acontecido em 20 de novembro de 1695.
Zumbi morreu, mas seus ideais
de liberdade permaneceram vivos; novos quilombos foram organizados e os escravos
continuaram lutando pela sua libertação.
Fugindo ao esquema das demais
revoltas ocorridas durante o período regencial, uma rebelião de escravos
sacudiu a Bahia em 1835. Havia muitos que pertenciam a nações de cultura
islâmica, como os haussas e os nagôs.
O nome malê, alias, designava
os negros que sabiam ler e escrever em árabe.
A profusão de periódicos
abolicionistas correspondia à realidade de um movimento que estava longe de ser
homogêneo. Varias correntes e opiniões contraditórias coexistiam no movimento.
Os moderados cujo melhor exemplo é sem duvida a figura de Joaquim Nabuco temiam
as agitações sociais e achavam que a luta pela abolição deveria se processar
institucionalmente, entre as paredes do Parlamento.
Primeiro a captura na própria
África, depois a travessia do Atlântico, nos tumbeiros, a venda no mercado de
escravos, o trabalho pesado nas minas ou plantações, a perspectiva sempre
presente dos castigos corporais e das humilhações, tal foi a acolhida prestada
a um dos componentes do povo brasileiro, ao longo de quatro séculos de
escravidão.
Aos poucos, os partidários da
Abolição gradual começaram a ganhar terreno.
Finalmente, em 1888, os
antiescravistas conquistaram a maioria do Parlamento, refletindo a nova
correlação de forças, a sete de maio de 1888 o Congresso aprovava, por imensa
maioria, um projeto de Lei. Assinado a 13 de maio pela regente do trono,
Princesa Isabel, o projeto transformou-se na Lei Áurea. Entre tanto, ao
contrário do que se esperava a abolição não significou a emancipação efetiva da
população escravizada.
Sem medidas institucionais que
promovessem a integração à sociedade, os negros foram entregues à própria
sorte.
Na realidade, a abolição veio
afastar alguns dos obstáculos ao desenvolvimento da economia brasileira, cujo
pólo dinâmico se baseava cada vez mais no trabalho assalariado.
Em 1798 foi fundada em
Salvador uma sociedade cujo os integrantes dedicavam-se à tradução de textos de
Rousseau e outros filósofos, divulgando ativamente os ideais republicanos na
Bahia.
Apesar de seu caráter secreto,
essa sociedade estendeu sua influência para além do círculo das elites
ilustradas, atingindo as camadas médias e pobres, inclusive escravos da
população baiana. A amplitude dessa influência se explica pela profunda crise
econômica e social por que passava
Salvador no final do século XVIII.
Quando apareceram os
manifestos, o Governador deu ordem para a devassa, ou seja, para que se
fizessem investigações e prisões.
Aguilar Pantoja, havia
traduzido livros franceses e trechos de Rousseau, ao seu lado Agripino Barata,
que representa um dos intelectuais no movimento.
A liderança dos setores
urbanos mais pobres cabia ao soldado mulato Lucas Dantas, pertencente ao
batalhão das milícias.
A conjuração estendia-se dos
escalões superiores aos estratos mais baixos da sociedade colonial.
O sistema colonial absolutista
era condenado e pregava-se a necessidade de um levante que proclamasse a
República e a Abolição, abrisse os portos brasileiros ao comercio mundial e
pusesse fim às discriminações entre negros e brancos e a todos os privilégios
existentes, garantindo-se a liberdade para desenvolver a industria e o
comércio.
Muitos pretos e mulatos foram
condenados à morte, pela forca, seguida de esquartejamento no dia 8 de novembro
de 1799.
A Cabanagem foi uma grande
revolta popular. Dela participaram pessoas vindas das camadas mais pobres da
sociedade.
O primeiro líder dos cabanos
foi o padre Batista de campos. Na luta contra o governo central, os cabanos
juntaram-se aos fazendeiros e comerciantes locais, esperando conseguir melhores
condições de vida. Como os cabanos queriam muito mais: comida, casa, trabalho,
entraram na luta para valer.
No dia 6 de janeiro de 1835, o
povo consegue unir-se para derrubar o governador Lolo de Sousa, matando-o e
libertaram os presos políticos. Imediatamente foi constituído um novo governo,
presidido por Antonio Malcher.
Antonio Malcher é um
conciliador, está com os cabanos devido ao ódio que tem aos portugueses. No
entanto, a aliança entre os cabanos durou pouco, pois Malcher traiu o
movimento, fazendo acordo com as tropas do governo. Por isso, os revoltosos o
mataram e o substituíram por Francisco Vinagre, que assumiu o governo paraense.
Mas devido as guerras e
guerrilha, na terra e no mar, Francisco Vinagre, sem condições de resistir,
entregou-lhe o poder, sendo preso.
A este sucedeu, Eduardo
Angelim, que ajudado por guerrilheiros como Bento Ferrão, vence as tropas de
ocupação e chega ao poder.
Angelim manda fuzilar negros
rebeldes e vai se refugiar no interior para continuar a luta.
Essa guerra cruel só terminou
em 1840, quando os últimos cabanos se entregaram, sem terem conseguido atingir
os objetivos pelos quais lutara. À revolta dos cabanos contra as péssimas
condições em que viviam, o governo respondeu apenas com violência e morte.
Os sertanejos revoltaram-se
com a introdução do sistema métrico no Brasil, pois, sentirem-se prejudicados
pois, estavam sendo roubados nos pesos e medidas.
Então rebelaram-se, invadindo
cidades saqueando armazéns e pegaram os pesos i metros e jogaram nos rios.
Na época do Quebra-quilos eram
cobrados impostos, pois na medida em que o povo precisa de mais dinheiro, o
governo cria mais imposto. Como em todo o País que adotou o sistema, em 1873
decidiu-se o governo imperial a obrigar o cumprimento da Lei, e os que não cumprissem
seriam multados.
Em 1874 acontece a primeira
ação dos quebra-quilos, em uma vila perto de Campina Grande, na Paraíba.
A partir daí, começa a
violência não só com os pesos e medidas, mas sim com os impostos e a vida
miserável.
O Quebra-quilos nasce de um
movimento sem líderes. Na visão dos camponeses o imposto era um papel, a lei,
queimando-se a lei, acabava-se os impostos.
Nascido em Quixeramobim,
Ceará, em 1828, Antonio Vicente Mendes Maciel teve uma infância privilegiada
para uma criança do sertão.
Filho de um comerciante
estudou latim, francês, aritmética e geografia. Seu destino foi diferente. Com
a morte do pai, casou-se e passou a exercer o comércio. Mas não era essa sua
vocação.
Em breve, cheio de dúvidas,
abandonou o negócio e ganhou o sertão. Um novo choque lhe estava reservado.
fugindo com um soldado de polícia, sua mulher o abandonou. Casa-se de novo com
Joana e quem tem um filho.
Deixa ambos em 1865, e passa a
vagar pelos sertões acompanhando missionários.
Seu prestígio já estava
consolidado. Um grupo de fiéis o acompanhava sempre, ajudando-o na reconstrução
de igrejas e muros de cemitério. Mas a medida que a forma do beato aumentava, a
hierarquia eclesiástica começou a preocupar-se. Não demorou muito para que se
multiplicasse as perseguições. O beato foi preso em 1876 e, para ser solto,
teve de prometer que abandonaria suas pregações. A promessa não foi cumprida.
No ano seguinte, o conselheiro e seus adeptos estavam de volta aos sertões da
Bahia.
Em 1893, conselheiro desafiou
ostensivamente a República. Na praça central do município de Bom Conselho
queimou as tábuas onde estavam afixados os editais que anunciavam os novos
impostos a serem cobrados pelo Governo. Foi nessa época que, tendo sua prisão
decretada e vendo-se obrigado a fugir das volantes, achou que chegara a hora de
criar sua própria comunidade.
O lugar escolhido foi a
fazenda de canudos, à beira do rio Vaza-Barris, que se encontrava abandonada.
Sob a autoridade do Conselheiro, os fiéis logo se organizaram. Todos os bens
pessoais deveriam ser entregues à comunidade. A forma do arraial sagrado de
Belo Monte, como passara a chamar-se a provação, espalhou-se com rapidez.
Era uma comunidade ideal,
voltada para o bem comum, verdadeira utopia em pleno sertão baiano, à parte e à
revelia do Brasil oligárquico e republicano. Isto a condenou à destruição.
Em outubro de 1896, quando
foram avisados de que na cidade próxima de Uauá estava uma tropa com a missão
de aprisionar o Conselheiro e dissolver o arraial, os jagunços de Canudos não
se surpreenderam. Havia muito que o beato previra uma guerra que precederia o
fim do mundo, com profundas transformações.
Assim, guiados pela fé, os
jagunços não esperaram pelo ataque, partiram ao encontro da tropa, que apanhada
de surpresa, foi totalmente destroçada.
Os políticos da República não
puderam tolerar uma derrota tão humilhante. Canudos passou a ser retratada como
uma “fortaleza monarquista” a ameaçar a estabilidade do regime. Em dezembro de
1896, uma segunda expedição, apoiada pelo Exército, foi enviada contra o
arraial.
Era comandada por um major,
Febrônio de Brito, e dispunha de armas moderas. Novamente as tropas
subestimaram a força e a habilidade dos jagunços. Usando táticas de guerrilha,
estes surpreenderam a expedição muitas vezes pelo caminho. E de tal forma
conseguiram desorganizá-la que, ao chegar a Canudos, a munição já era escassa e
os soldados estavam exaustos. Sem condições de combater, o major ordenou a retirada.
Foi organizada uma terceira
expedição, sob o comando do coronel Moreira César. Com toda munição suficiente
e conhecendo as táticas que o inimigo empregara das outras vezes, o coronel
confiava numa vitória fácil.
O percurso até Canudos não
apresentou dificuldades, e a expedição penetrou no arraial de Belo Monte. Era o
que os jagunços esperavam.
Tocaiados em cada casa, em
cada beco, em cada esquina, os homens do Conselheiro combateram, espalhando o
pânico entre os soldados, desnorteados naquele labirinto de vielas.
Quando Moreira Cessar caiu
morto, a tropa debandou, numa retirada vergonhosa.
A lenda de Canudos agitava a
opinião pública em todo o País. A notícia de mais uma derrota infligida pôr
fanático esfarrapados a uma moderna divisão do Exército acirrou o ânimo dos
militaristas, que exigiam retaliação.
Comandada pelo general Artur
Oscar de Andrade Guimarães, a quarta expedição. Pelo caminho, a tropa foi
castigada inúmeras vezes pelas guerrilhas dos jagunços; antes de chegar a
canudos, já perdera 1200 homens, mas vieram reforços. A luta continuou por
muitos meses e durante todo esse tempo novos soldados foram sendo incorporados
à força combatente.
A última batalha foi travada a
5 de outubro de 1897.
Morto pouco antes, o Conselheiro
não chegou a ver o aniquilamento de seu povo.
Era o fim de um sonho, ou, nas
palavras de Euclides da Cunha, de um episódio na série reservada “para as
loucuras e os crimes da nacionalidades...”
Tudo tem uma história. Muitas
das coisas que nossos antepassados usavam e faziam já não existem mais; outras
modificaram-se, algumas permanecem como eram.
Pois bem: a História estuda os
fatos do passado e tenta verificar suas causas (por que ocorreram) e suas
conseqüências (os acontecimentos que provocaram).
Ao mesmo tempo, procuramos
saber como todos os elementos se alteraram ao longo do tempo e por quê. Ou
seja, pesquisamos os acontecimentos importantes que marcaram a vida dos povos,
dos países, das cidades, que fatores influíram em tais acontecimentos e o que
resultou deles.
A História é contada
principalmente por meio do estudo dos documentos escritos, que podem ser lidos
e entendidos pelo historiador.
Se um povo deixou apenas
sinais não escritos sobre sua vida, trona-se difícil para o historiador contar
com precisão a História desse povo. Como o historiador não presenciou os fatos
do passado, ele precisa basear-se em documentos. mas deve ter muito cuidado,
porque esses documentos podem não dizer a verdade. Por isso, ele compara
diversos documentos, procurando ver até que ponto eles dizem a mesma coisa. Por
exemplo: uma partida de futebol pode ser contada de forma diferente pelos
torcedores de um ou outro time. Diante de um caso assim, o historiador se
preocuparia com os fatos concretos (quem foram os participantes dos jogo, quem
foi o juiz, quem marcou os gols etc...). Não confiaria só na opinião de uma
pessoa, que poderia estar querendo apenas mostrar as vantagens de seu time.
Muitos livros de História do
Brasil, por exemplo, começam sua narrativa no ano de 1500, quando os
portugueses tomaram posse do território brasileiro. Há livros que mal se
referem ao índios, que eram milhões na época do Descobrimento. A maioria dos
livros de História também deixa de explicar a tragédia do extermínio dos
índios, que hoje não passam de 250.000 indivíduos ou mais, ainda ameaçados pela
invasão de terras onde vivem.
Nesse trabalho, preocupei-me
em narrar os fatos que foram mais importantes para o povo, que é o principal
herói de nossa História. Essa História, assim contada, inclui os índios e a
população pobre, e não se resume a mostrar uma lista de datas, fatos e nome de
heróis.
Afinal, nós fazemos também a
História do Brasil.
Nada pior do que histórias mal
contadas e que nos obrigam a decorar. Num livro de História do Brasil, os
problemas de uma história mal contada torna-se grave, pois, faltam pedaços na
História e a mesma não convence.
Esse tipo de História torna-se
chata e cansativa porque fala de um mundo que não nos diz respeito, um mundo do
qual nós, o povo, não participamos.
Aqui, o que o autor pretendeu
foi em mostrar uma história onde aparecem os conflitos de classe, as
contradições sócio-econômicas que existiram e que, de algum modo, persistem em
nossos dias.
A história apresentada nesse
trabalho deve ser vista como algo definitivo e categórico .
O passado é algo complexo que
deve ser interpretado, reconstruído pelo historiador.
O propósito não é fazê-lo
aceitar passivamente as interpretações do passado, e sim discutir, questionar e
que use mais a reflexão do que da memória.
O que se espera dessa História
do Brasil, é que para uma Geração consciente possa ajudá-lo entender melhor a
realidade brasileira em evolução e a participar conscientemente da sociedade em
que vivemos.