ORIENTE MÉDIO
A POSIÇÃO
GEOGRÁFICA
O
Oriente Médio é banhado ao norte pelos mares Negro e Cáspio; ao sul pelo mar
Arábico, formado pelo oceano Indico; e a oeste pelos mares Vermelho e
Mediterrâneo. Os acidentes litorâneos mais importantes da região são as
penínsulas Arábica e da Ásia Menor ou da Anatólia.
A península Arábica é
banhada a leste pelo golfo Pérsico e a oeste pelo mar Vermelho, que se
interliga ao Mediterrâneo pelo canal de Suez, na península do Sinai, em
território egípcio. Já a península da Ásia Menor corresponde à porção asiática
da Turquia, banhada pelos mares Negro, de Mármara, Egeu e Mediterrâneo,
interligados pelos estreitos de Bósforo e de Dardanelos.
Com uma área territorial
de aproximadamente 6,6 milhões de km2, o Oriente Médio abrange 15% da área
continental. A região abriga 16 países independentes, sendo bastante
fragmentada politicamente. Para se ter idéia do que isso representa, os cinco
maiores países da região - Arábia Saudita, Irã, Turquia, Afeganistão e Iraque,
ocupam, em conjunto, cerca de 84,5% do território regional, e os onze demais
países apenas 15,5%.
As pequenas nações
localizadas no golfo Pérsico - Kuwait, Bahrain, Catar e Emirados Árabes Unidos
- possuem, ao todo, uma área. de 113.584 km2, pouco menor que o estado de
Pernambuco, e os países situados no Mediterrâneo - Israel, Líbano, Síria e
Jordânia, têm 314.000 km2 de área, equivalente à do estado do Maranhão.
O RELEVO E A HIDROGRAFIA
O relevo do Oriente
Médio é formado predominantemente por planaltos, limitados por importantes
conjuntos montanhosos. Entre os planaltos, destacam-se o da Anatólia, na
Turquia, o do Irã e o da Arábia. Entre os conjuntos montanhosos mais
importantes sobressaem, pela altitude:
· os montes Taurus e o
Pontico, que circundam o planalto da Anatólia e, ao se unirem, dão origem ao
maciço da Armênia, onde se localiza o pico culminante da Turquia, o monte
Ararat (5.137 m);
. os montes Zagros e os montes Elburz, que
cercam o planalto do Irã. Os primeiros estendem-se por mais de 1.800 km ao
longo do golfo Pérsico e suas altitudes superam a casa dos 4.000 m. Nos montes
Elburz, na fronteira norte do Irã, identificamos a presença de vulcões, como o
Damavand (5.671 m) a 80 km de Teerã, a capital do país;
· o Hijaz e os montes Iêmen, no mar Vermelho, na
península Arábica. Nos montes Iêmen situam-se os picos mais elevados da
península, como o Jabal Hadur (3 760 m).
Já as planícies do Oriente Médio
restringem-se às áreas litorâneas, espremidas entre o litoral e os conjuntos
montanhosos. No interior, destaca-se apenas a planície da Mesopotâmia, que se
estende da Síria ao golfo Pérsico. Essa histórica planície, em sua maior parte
localizada no Iraque, situa-se entre os dois mais importantes rios da região, o
Eufrates (2.760 km) e o Tigre (1.950 km). Ambos nascem em terras da Turquia e
desembocam no golfo Pérsico pelo Chat-el-Arab, canal formado pela confluência
dos dois rios.
O CLIMA E A VEGETAÇÃO
A paisagem climática e
botânica do Oriente Médio é desoladora, pois cerca de 90% de seu território é
dominado por climas do tipo árido e semi-árido. Para se ter idéia da
hostilidade natural da região, basta lembrar que os desertos ocupam cerca de
70% do território do Irã e do Afeganistão e 90% do da Arábia Saudita.
O
quadro vegetal é caracterizado pelo domínio das espécies xerófilas (que vivem
em lugares secos) nas áreas áridas e das estepes nas áreas semi-áridas, como a
Turquia e a planície da Mesopotâmia.
Nas
áreas desérticas, as adversidades do meio natural não são marcadas somente pela
escassez de chuvas, mas também pelas variações diárias de temperatura, que
chegam a oscilar de 50°C durante o dia a 0°C à noite. As concentrações
populacionais estabeleceram-se basicamente nos raros oásis (pontos de contato
do lençol freático ou águas subterrâneas com a superfície). São exemplos
clássicos a cidade de Damasco, na Síria, e a de Riad, na Arábia Saudita.
Os domínios de climas
úmidos restringem-se às áreas litorâneas, destacando-se, a oeste, a ocorrência
de clima e vegetação tipicamente mediterrâneos.
O QUADRO HUMANO
A população do Oriente
Médio é superior a 210 milhões de habitantes, sendo os países mais populosos o
Irã e a Turquia, que juntos abrigam cerca de 112 milhões de indivíduos, ou
seja, mais da metade da população regional.
Há vários países com uma
pequena população, como as nações localizadas junto ao golfo Pérsico - Catar,
Bahrain, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, que, reunidas, possuem população
inferior a 5 milhões de habitantes, ou seja, menos de um terço da população da
Grande São Paulo.
Os grupos étnicos mais
numerosos da região são os árabes (40%), concentrados, principalmente, na
Arábia Saudita, Bahrain, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque,
Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã e Síria; os turcos, encontrados basicamente na
Turquia e no Chipre; e os iranianos ou persas, no Irã.
A estrutura etária é
caracterizada pela extrema juventude da população, pois cerca de 40% dos
habitantes têm entre 0 e 14 anos de idade. Essa juventude é reflexo da alta
natalidade, que oscila em torno de 4%, e da baixa esperança de vida, que é de
aproximadamente 60 anos na maioria dos países. O crescimento vegetativo supera,
em muitas nações, a casa dos 3% ao ano.
A religião dominante é a
muçulmana, islâmica ou maometana, adotada por mais de 70% da população
regional. Essa religião constitui a grande força de unidade entre os povos,
particularmente no mundo árabe e iraniano. Há também no Oriente Médio grande
número de cristãos, como na Turquia e no Líbano, e de judeus, concentrados em Israel.
0 islamismo
0
Oriente Médio é o berço do judaísmo, do cristianismo e do islamismo. 0 islamismo, a religião que mais se expande
no mundo, foi fundado no século VII por Maomé, árabe nascido em Meca
(atualmente, em território da Arábia Saudita). Divide-se em duas seitas
principais, a sunita e a xiita.
Essa religião, que tem
como divindade Alá e grande profeta Maomé, apoia-se no Corão, livro sagrado que
define os seus princípios básicos. Esses princípios são muitas vezes utilizados
pelos dirigentes dos países islâmicos como importantes códigos, o que acaba
transformando a religião num poderoso instrumento político.
Os
indivíduos ou grupos que lutam pela fusão dos preceitos religiosos aos do
Estado são denominados fundamentalistas islâmicos. A ação dos fundamentalistas
se faz sentir com maior intensidade nos países governados pelos muçulmanos
xiitas.
O FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO
Nas
duas últimas décadas, os partidos - fundamentalistas islâmicos vêm se
fortalecendo. Esses partidos propõem a interação entre os preceitos religiosos
do Islã e os do Estado. Tal fusão foi promovida pela primeira vez no Irã, em
1979, quando uma revolução levou ao poder o aiatolá Khomeini, transformando o
país numa república islâmica. Durante o seu governo (1979-89), o Irã isolou-se
do Ocidente, lançando as bases para o fundamentalismo islâmico no mundo.
O
avanço desse movimento no mundo islâmico é encarado pelas potências ocidentais
como uma ameaça à nova ordem mundial. A proposta dos partidos fundamentalistas
é minimizar a influência ocidental nos seus países. Para eles, a modernidade,
imposta pelo Ocidente, afasta o homem dos seus valores religiosos e,
conseqüentemente, do seu Criador.
A população do
Afeganistão, país montanhoso e predominantemente árido, vive precariamente.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em 1992, somente 2
dos 173 países analisados pelo programa apresentavam Indicador de
Desenvolvimento Humano (IDH) inferior ao do Afeganistão.
O
país está em guerra civil desde 1978, tendo sido ocupado pela extinta União
Soviética de 1979 a 1989, que tinha pretensões de incorporá-lo. Os conflitos
não cessaram com a saída dos soviéticos, pois as diversas facções muçulmanas
lutam entre si pelo poder.
Em
setembro de 1996, no Afeganistão, o Taleban, um grupo fundamentalista islâmico,
ascendeu ao poder e direcionou suas ações visando à implantação de um Estado
islâmico.
AS DEFICIÊNCIAS SOCIAIS
E A ESTRUTURA ETÁRIA
A população do Oriente Médio, em que pese
a grande projeção internacional da região (devido à produção petrolífera), é,
em geral, muito pobre. A dependência em relação às atividades agrícolas é
grande; e a população economicamente ativa, empregada no setor, atinge 53,4% do
total no Iêmen, 52,7% no Afeganistão, 36,6% na Arábia Saudita e 25,4% no Irã.
Tal dependência implica, de forma geral, baixo nível de renda, uma vez que as
condições naturais e tecnológicas da região são bastante precárias.
As deficiências sociais
contrastam com a imagem de riqueza da região. O estereótipo do árabe rico, com
portentosos carros e grandes somas depositadas em bancos suíços, está restrito
à classe dominante, ou seja, a muito poucos. A grande maioria vive em condições
precárias; o analfabetismo, por exemplo, beira os 70% entre a população adulta
do Afeganistão, um dos países mais pobres do mundo, e é muito elevado na Arábia
Saudita (37%) e Irã (28%), os dois maiores produtores regionais de petróleo.
ECONOMIA TRADICIONAL
A
maior parte da população do Oriente Médio não vive do petróleo nem da
indústria, que é ainda incipiente, mas de atividades tradicionais, como a
agropecuária. A atividade agrícola, que apresenta uma estrutura produtiva
caracterizada por baixos padrões tecnológicos, ocupa cerca de 40% da população
economicamente ativa da região. A precariedade técnica, aliada à hostilidade do
quadro natural, implica pequena produtividade e, conseqüentemente, baixo nível
de renda para as populações voltadas a essa atividade.
O
pastoreio nômade, uma das atividades mais primitivas do planeta, tem grande
importância em vários países, inclusive nos exportadores de petróleo, o que
demonstra que grande parte da população não tem acesso aos benefícios das
exportações petrolíferas. Dessa situação econômica precária escapa Israel, cujo
quadro social e produtivo difere bastante da região.
Entre as atividades
primárias, a que ocupa maior espaço é o pastoreio, predominantemente de caráter
nômade. Os principais rebanhos são os de ovinos e de caprinos, e, na península
Arábica, a criação de camelos.
A agricultura, devido às
condições climáticas, concentra-se em áreas restritas, tais como:
. Turquia, nas planícies
costeiras, onde a presença de clima úmido permite a cultura do tabaco e do
algodão, junto à costa meridional, e de culturas mediterrâneas, como a oliva e
os cítricos, junto à costa ocidental. No interior da Turquia, destacam-se as
áreas irrigadas para produção de cereais, como trigo e cevada;
· Mesopotâmia, onde a presença dos rios Tigre e
Eufrates e de solos férteis, particularmente no Iraque, permitem o
desenvolvimento de significativas produções agrícolas, principalmente de
cereais;
· Arábia, onde os desertos ocupam mais de 80% do
território, a atividade agrícola restringe-se a alguns trechos úmidos do
litoral ocidental, junto ao mar Vermelho. Sobressaem as produções de cereais,
tâmaras e café (no Iêmen);
· Levante, território abrangido por Síria,
Líbano, Jordânia e Israel. Destacam-se as produções de cereais e culturas
mediterrâneas, como vinha, oliva e cítricos.
A AGROPECUÁRIA
EM ISRAEL
Em Israel, apesar das
limitações territoriais e da hostilidade climática, conseguem-se grandes
resultados agrícolas. Tal sucesso apoia-se numa sofisticada técnica de
produção, que envolve modernos métodos de irrigação.
Os
kibutzim, fazendas de caráter comunitário, onde muitas famílias vivem e
trabalham juntas, contribuem com quase metade da produção agrícola israelense.
Entre as culturas, destacam-se os cereais, legumes, abacate, vinha e cítricos,
importantes na pauta de exportações. Na pecuária, a maior projeção é para o
rebanho ovino.
A
agricultura irrigada ocupa cerca de 50% da área cultivada, concentrada
principalmente na planície litorânea, região mais populosa e povoada do país. O
deserto de Negev (12.200 km2), que corresponde à mais da metade do território
israelense, vem sendo gradativamente ocupado pela expansão agrícola, graças ao
uso de modernas técnicas de irrigação.
A
mão-de-obra ocupada na agropecuária é de aproximadamente 4%, o que demonstra a
intensa mecanização da lavoura.
Turismo
na Turquia
A
atividade turística é importante fonte de divisas para alguns países do Oriente
Médio, como a Turquia, que recebe cerca de oito milhões de turistas por ano.
A
indústria do turismo é o setor da economia turca que mais tem crescido nos
últimos anos. 0 país possui um rico patrimônio histórico, herdado dos impérios
Otomano e Bizantino, e belas praias nos mares Egeu e Mediterrâneo. Outra
importante fonte de divisas é a remessa de salários para esses países por parte
de emigrantes. A Turquia, por exemplo, tem cerca de 3 milhões de trabalhadores
no exterior, particularmente na Europa Ocidental, e as remessas chegam a
alcançar 1,5 bilhão de dólares anuais.
A INDÚSTRIA
Excetuando-se
Israel, onde o processo industrial encontra-se relativamente avançado, a
industrialização do Oriente Médio é bastante incipiente. O processo industrial
apoia-se, via de regra, nos setores têxtil e alimentício. Merece destaque, pela
projeção internacional, a tradicional indústria de tapetes, particularmente a
do Irã. As maiores concentrações industriais aparecem nos grandes centros
regionais, como Ancara (Turquia), Damasco (Síria), Bagdá (Iraque) e Teerã
(Irã).
A
renda gerada pelo petróleo tem provocado relativo desenvolvimento de refinarias
e de petroquímicas nos países exportadores de petróleo, como Irã, Iraque e
Arábia Saudita. Na Turquia, a ocorrência de carvão mineral e minério de ferro e
os fortes investimentos estatais favoreceram relativa expansão da siderurgia.
Em
Israel, a atividade industrial contribui com mais de 30% do PIB, índice elevado
se considerarmos suas limitações naturais. A indústria, centralizada em cidades
como Telavive e Haifa, ocupa cerca de 25% da população economicamente ativa do
país. Entre as mais importantes atividades industriais, estão, além das
tradicionais alimentícia e têxtil, setores como o de lapidação de diamantes, de
equipamentos eletrônicos, de armamentos e aeronáutica.
A IMPORTÂNCIA DO PETRÓLEO
A
fonte de renda que projeta internacionalmente o Oriente Médio é, sem dúvida, o
petróleo, cujas jazidas mais significativas são encontradas na Mesopotâmia
(Iraque) e na região do golfo Pérsico, onde se situam as maiores reservas
mundiais. Os grandes produtores regionais são: Arábia Saudita, Irã, Iraque,
Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Catar e Bahrain, que fazem parte de um dos mais
importantes cartéis (associação de produtores) do planeta, a Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Os
países da região são os principais fornecedores de petróleo para as potências
econômicas, como os membros da União Européia, Estados Unidos e Japão. A
dependência das grandes potências em relação ao petróleo do Oriente Médio
acabou acirrando os conflitos regionais, que se avolumaram com a intensa
disputa pela hegemonia política por parte dos grandes produtores de petróleo.
O
estreito de Ormuz, no golfo Pérsico, por exemplo, é alvo de disputa constante
entre árabes e iranianos, pois deter o seu controle implica possuir grande
força política na região, já que esse estreito é fundamental para o escoamento
da produção petrolífera. O canal Chat-el-Arab é motivo de intensas lutas entre
Irã e Iraque, pois através dele é possível controlar o escoamento da produção petrolífera
da Mesopotâmia. A disputa pela posse desse canal levou os dois países a uma das
mais sangrentas guerras regionais, de 1979 a 1989, que custou a vida de cerca
de 500 mil pessoas.
A
OPEP
A
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) foi criada em 1960 e sua
sede fica em Viena, na Áustria. Sua principal finalidade é impedir que os
preços do petróleo no mercado internacional sejam fixados segundo os interesses
das grandes potências, onde estão sediadas as maiores empresas petrolíferas.
Essa
política provocou a alta dos preços do petróleo nos anos 70. Desde então,
muitos países passaram a explorar suas reservas e, em função desse aumento na
concorrência, o preço do barril de petróleo está em baixa.
Hoje,
há conflitos de interesse entre os membros da OPEP cujo poder está diminuindo.
Dois países se desligaram da organização nos anos 90, Equador e Gabão.
Os
membros da organização são, em sua maioria países árabes do Oriente Médio
(Arábia Saudita, Iraque Kuwait Catar e Emirados Árabes Unidos) e da África do
Norte (Líbia Argélia). Fazem parte da OPEP fora do mundo árabe, Irã, Indonésia,
Nigéria e Venezuela.
CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO
A posição das grandes potências nos
conflitos regionais sempre foi baseada no apoio à tecnologia bélica local e
venda de sofisticadas armas aos seus aliados. Tal posição fomentou conflitos e
transformou o Oriente Médio num dos maiores mercados de armas no século XX, do
qual nem o Brasil deixou de participar. Uma questão difícil era escolher os aliados,
pois o quadro político regional tem sido extremamente confuso e instável. Tal
precariedade política provocou sérios problemas para as grandes potências.
Caso clássico foi o Irã, escolhido pelos
Estados Unidos, durante a Guerra Fria, para ser o guardião do golfo Pérsico.
Esse país, dirigido na época pelo xá Reza Pahlevi, recebeu dos Estados Unidos
um arsenal bélico de tal porte que o transformou, em poucos anos, na maior
força militar do golfo Pérsico. Nesse período de hegemonia bélica, o todo-poderoso
xá Reza Pahlevi perdeu sustentação política e foi derrubado do poder pela
Revolução islâmica de 1979. Em seu lugar, foi colocado o aiatolá Khomeini, que
se declarou inimigo número um dos Estados Unidos e passou a ameaçar os demais
aliados norte-americanos na região.
Do outro lado, o Iraque
foi escolhido pela extinta União Soviética como aliado, que lhe forneceu armas
e tecnologia bélica. Colocado em situação de relativa independência, o Iraque
acabou comprando armas de vários países e passou a dispor de considerável
arsenal bélico. De posse desse material e sob o comando de Saddam Hussein, o
Iraque invadiu o Kuwait em agosto de 1990, dando início à Guerra do Golfo. Esse
conflito se arrastou até fevereiro de 1991, depois de as forças de coalizão,
compostas de 28 países, imporem uma fragorosa derrota ao Iraque. A ação militar
das forças de coalizão, liderada pelos Estados Unidos, foi autorizada pela ONU.
0 canal de Suez
Os
conflitos gerados pela presença do petróleo no Oriente Médio extrapolam os
limites de sua ocorrência (na Mesopotâmia e no golfo Pérsico). 0 canal de Suez,
por exemplo, foi alvo de acirrada disputa bélica entre Egito e Israel, pois seu
domínio implicava deter grande força política na região. Isso acontecia por
conta da importância desse canal para o escoamento do petróleo, direcionado
principalmente à Europa e aos Estados Unidos.
Transportar
o petróleo destinado à Europa pelo canal de Suez diminuía consideravelmente a
rota, que seria contornar a África. Hoje, ao que tudo indica, esse canal passou
definitivamente ao controle egípcio e já não tem a mesma importância de
outrora, pois os superpetroleiros fabricados nas últimas décadas compensam,
pelo volume que transportam, a extensa viagem pela costa africana.
Essa
calmaria em relação ao canal, no entanto, pode não ser eterna, pois os
movimentos de defesa do meio ambiente vêm questionando cada vez mais a presença
desses petroleiros nos mares. Essa posição é justificada pelos constantes
desastres ecológicos ocasionados por tais embarcações, que chegam a transportar
mais de 400 mil toneladas de petróleo (uma série de acidentes tem provocado
vazamentos cujos transtornos e prejuízos ao meio ambiente são incalculáveis).
A QUESTÃO DO LÍBANO
O
território do Líbano é de 10.400 km2 e sua população é de aproximadamente 3
milhões de habitantes, dos quais 80% são libaneses, 12% são palestinos e 8% são
de outras nacionalidades, destacando-se os armênios, os sírios e os curdos.
Calcula-se que cerca de 65% da população é de muçulmanos e 35% de cristãos, que
há muito lutam pelo controle político do país. Pelo pacto político estabelecido
em 1943, após a independência em relação à França, ficou determinado que a
maioria da Câmara (cerca de 55% dos representantes) fosse composta por
cristãos, que na época eram maioria no país.
Com o passar dos anos, o
quadro populacional alterou-se, já que o crescimento da população muçulmana foi
muito maior. Entretanto, os cristãos recusaram-se a alterar o quadro de comando
político definido pelo pacto, o que gerou forte reação por parte dos
muçulmanos.
A situação política, já
instável, agravou-se com o crescimento das concentrações palestinas no Sul do
país. Isso levou à divisão territorial, pois os cristãos, apoiados por Israel,
exigem a expulsão dos palestinos do Líbano. Os muçulmanos, declarando-se
aliados da OLP, defendem a permanência dos palestinos em território libanês. As
divergências acabaram determinando a formação de milícias armadas por ambas as
partes e, conseqüentemente, a ocorrência de sangrentos conflitos. O quadro
complicou-se quando a Síria, alegando uma postura moderadora, ocupou o Norte do
país em 1976, e mais ainda quando Israel ocupou o Sul do Líbano em 1982,
visando desmantelar as forças militares da OLP na região.
Em
1989, com o apoio dos Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e principais
países árabes, numa reunião na Arábia Saudita, foi aprovada uma Carta de
Reconciliação Nacional. Participaram das discussões as três principais facções
militares libanesas: Drusa, Amal (muçulmana) e Falange (cristã). Entre as
intenções expressas na Carta, destacavam-se a determinação de se compor um
governo comum, entre cristãos e muçulmanos, e o desarmamento das milícias no
país.
Após
a Guerra do Golfo, em troca do apoio que deu às forças de coalizão, a Síria
recebeu carta branca dos Estados Unidos para dirigir o processo de unificação
do Líbano. Para tanto, em 1991 foi assinado um tratado sírio-libanês,
fortalecendo as relações entre os dois países, considerado pelos opositores uma
autorização para que a Síria viesse a transformar o Líbano em seu protetorado.
Mesmo levando-se em
conta o avanço das negociações entre os sírios e as milícias armadas, que em
sua grande parte já depuseram suas armas, o país ainda não está livre de
conflitos e bombardeios internos. Isso deve-se sobretudo às freqüentes
investidas israelenses no Sul do país, em ataque às forças guerrilheiras do
Hezbollah (Partido de Deus).
A QUESTÃO ÁRABE-ISRAELENSE
Os
conflitos entre árabes e israelenses remontam a formação do Estado de Israel,
em 1947. Durante o século XIX, na medida em que se intensificava a
discriminação ao povo judeu, na Europa, crescia o movimento sionista, ou seja,
o movimento político e religioso judaico que visava ao restabelecimento de um
Estado judaico na Palestina, na época sob controle do Império Turco-otomano.
Após a Primeira Guerra
Mundial (1914-18), o território palestino passou ao controle dos britânicos,
que, a exemplo dos turcos-otomanos, se posicionaram contra a formação de um
Estado judaico no Oriente Médio. Isso gerou forte reação judaica, inclusive com
ação armada, através de organizações militares.
Após
a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Reino Unido, debilitado, acabou perdendo
o controle político da Palestina. A partir daí, a questão da formação de um
Estado judaico em terras palestinas passou a ser responsabilidade da ONU, que,
em 29 de novembro de 1 947, aprovou um plano de partilha do território
palestino em dois Estados: um árabe e outro judeu. Em maio de 1948, foi fundado
o Estado de Israel.
Esse plano de partilha,
porém, nunca foi aceito pelos árabes, visto que ignorava uma série de regiões
historicamente árabes, o que provocou alguns conflitos regionais:
· Guerra de 1948: de
forma desorganizada, os árabes atacaram Israel. Derrotados, viram o Estado
Árabe da Palestina desaparecer, uma vez que seu território passou a ser ocupado
por Israel, Jordânia (que anexou a Cisjordânia) e Egito (que anexou a Faixa de
Gaza).
. Guerra dos Seis Dias (1967): Israel derrotou o
Egito, a Jordânia e a Síria, conquistando estratégicos domínios a esses países,
como o deserto do Sinai ao Egito, as colinas de Golã à Síria, a Cisjordânia à
Jordânia, além de Jerusalém, anexada integralmente a Israel, que a transformou
em sua capital oficial em 1980.
. Guerra do Perdão ou do Yom Kippur (1973): os
árabes, liderados pelo Egito, tentaram surpreender Israel com um ataque
programado num feriado religioso. Pretendiam reconquistar os territórios
ocupados em 1967, mas sofreram nova derrota. Dos territórios ocupados, somente
a península do Sinai foi devolvida ao Egito, em 1979.
Após a invasão de seu
território em decorrência da criação do Estado de Israel, a luta do povo
palestino pela formação de um lar nacional tem-se arrastado, seja por meio das
organizações militares, como a Al Fatah, seja por meio das organizações
políticas, como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), presidida
por Yasser Arafat.
Em setembro de 1993,
Israel e a OLP, depois de se reconhecerem mutuamente, fecharam um acordo
histórico no Oriente Médio. Por esse acordo, a ser substituído por um outro
"acordo justo, global e duradouro", concedeu-se aos palestinos a
autonomia administrativa sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
A
assinatura desse acordo provocou forte reação por parte de radicais israelenses
e palestinos, contrários ao que foi estabelecido nas negociações. Os atentados
se multiplicaram na região. Em novembro de 1995, o acordo de paz sofreu o mais
forte revés: Yitzhak Rabin foi assassinado por um extremista israelense.
O seu substituto, Shimon
Peres, mesmo enfrentando grande reação interna, conseguiu dar andamento ao
processo de paz na região. Em janeiro de 1996, foram realizadas eleições no
Estado da Palestina e Arafat foi eleito presidente da Autoridade Palestina, com
88,1 % dos votos.
O acordo para a formação
de um Estado Palestino autônomo deixou ainda muitas questões pendentes, tais
como:
· a autonomia política dos palestinos nos
territórios por eles ocupados é restrita à segurança policial e à
administração. Israel mantém o controle da defesa e das relações exteriores;
· a cidade de Jerusalém, oficializada por Israel
como sua "capital eterna e indivisível", é reivindicada pelos
palestinos. A sede administrativa provisória da Autoridade Palestina é Jericó,
mas sua capital é o setor oriental de Jerusalém.
Em maio de 1996, Shimon
Peres perdeu nas eleições presidenciais para Binyamin Netanyahu, candidato do
Partido Conservador, por uma pequena margem de votos (0,9%). Essa apertada
vitória de Netanyahu mostrou que a opinião pública israelense está bastante
dividida quanto à possibilidade de reconhecimento de um Estado Nacional
Palestino inteiramente autônomo.
Israel
NOME OFICIAL: Estado de Israel (Medinat
Yisra'el).Capital: Jerusalém (não reconhecida pela ONU), Telaviv (sede da
maioria das embaixadas estrangeiras). Nacionalidade: israelense. Idioma: hebreu
(oficial), árabe, línguas européias.
Religião: judaísmo 81,4% islamismo (maioria sunita) 13,9%, cristianismo 2,7% a
druzos e outros 2% (1994). Moeda: shekel novo, cotação para 1 US$: 3,22 em
out./1996.
GEOGRAFIA - Localização: oeste da Ásia.
Características: Deserto do Negev (50% do território) região montanhosa (N),
planície costeira (centro). Clima: mediterrâneo. Área: 20.700 km2. População:
5,8 milhões (1996). Composição demográfica: judeus 81,4%, árabes e outros 18,6%
(1994). Cidades : principais (hab.): Jerusalém (567.100), Telaviv (357.400),
Haifa (246.500), Holon (162.800), Petah Tiqwa (151.100) (1991). Patrimônio
mundial: antiga Cidade e Muros de Jerusalém.
GOVERNO: república parlamentarista. Divisão
administrativa: 6 distritos, 31 municipalidades, 115 conselhos locais e 49 regionais.
Chefe de Estado: presidente Ezer Weizmann (Yahad) (desde 1993). Chefe de
governo: primeiro-ministro Binyamin Bibi Netanyahu (Likud) (desde 1996).
Principais partidos: Trabalhista, Likud, Meretz (coalizão), Shas (religioso),
yahad. Legislativo: unicameral - Assembléia, com 120 membros eleitos por voto
direto para mandatos de 4 anos. Constituição em vigor: não há Constituição
escrita.
ECONOMIA - Agricultura: laranjas (475 mil t),
grapefruit (370 mil t), tomate (365 mil t), batata (235 mil t), trigo (145 mil
t) (1994). Pecuária: aves (27 milhões), bovinos (362 mil), ovinos (330 mil)
(1994). Pesca: 18,6 mil t (1993). Minérios: fosfato (2,6 milhões t), potássio
(2,1 milhões t), gás natural (24 mil m3) (1993). Indústria: alimentícia,
bebidas, tabaco, máquinas elétricas, refino de petróleo, carvão, metalúrgica,
lapidação de diamantes. Parceiros comerciais: EUA (principal), Grã-Bretanha,
Alemanha, Bélgica, Japão, Suíça.
A criação do Estado de
Israel ocorre em 1948, na Palestina, com o retorno dos judeus ao território de
onde tinham sido expulsos 2 mil anos antes. Como idioma, retoma-se o hebraico,
até então só utilizado em cerimônias religiosas. A sua fundação gera uma das
mais importantes disputas territoriais do mundo, hoje motivo de complexas
negociações de paz, com os palestinos, habitantes da região, e com os Estados
árabes vizinhos.
Apesar do território em
grande parte árido, Israel desenvolve uma agricultura moderna, com apoio de
avançada tecnologia, o que permite a exportação de frutas e verduras. Conta
também com uma indústria de ponta. Mas, mesmo tendo a economia mais
desenvolvida do Oriente Médio, Israel depende muito da ajuda financeira e
bélica do seu principal aliado, os Estados Unidos.
FATOS HISTÓRICOS
Pressionadas pelas
constantes guerras com os vizinhos, as tribos judaicas unificam-se sob o
comando de Saul, por volta de 1.029 a.C. Davi o sucede, em cerca de 1.000 a.C.,
e expande o território de Israel, que alcança o seu apogeu sob Salomão, entre
966 a.C. e 926 a.C. Com a morte de Salomão, um período de crise põe em xeque a
sobrevivência da própria nação judaica, possibilitando sua conquista por vários
povos (babilônios, assírios, persas, gregos e romanos). Jerusalém é destruída
pelo general romano Tito, em 70 d.C. Expulsos do seu território, os judeus
dispersam-se pelo mundo (a Diáspora judaica).
Em 636, os árabes ocupam
a Palestina e convertem a maioria de seus habitantes ao Islã. Após sucessivas
invasões, a região é dominada pelos turcos e incorporada ao Império
Turco-Otomano por um longo período, de 1517 a 1917.
Sionismo - O atual
Estado de Israel tem sua origem no sionismo (de Sion, colina da antiga
Jerusalém), movimento surgido na Europa no século XIX e que prega a criação de
um país livre e sem perseguições aos judeus. Seu ideólogo, Theodor Herzl,
organiza na Basiléia, Suíça, o primeiro congresso sionista, que aprova a
formação de um Estado judeu na Palestina. Colonos judeus da Europa Oriental,
onde o anti-semitismo é mais intenso, começam a se instalar na região, de
população árabe majoritária. Em 1909, criam o primeiro kibutz (colônia agrícola
de caráter comunitário).
A Palestina é ocupada
pelo Reino Unido durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), com a retirada dos
turcos. Em 1917, o chanceler britânico, Arthur Balfour, declara o apoio do seu
país ao estabelecimento de um lar nacional dos judeus na Palestina, sob a
condição de serem respeitados os direitos comunidades não-judaicas ali
existentes. Três anos mais tarde, o Reino Unido recebe um mandato da Liga das
Nações para administrar a Palestina. Mas, sob a égide britânica, agravam-se os
conflitos com as comunidades árabes, que têm anseios nacionais próprios e
sentem-se ameaçadas pelo sionismo.
A perseguição aos judeus
pelo regime nazista de Adolf Hitler, a partir de 1933, intensifica a migração
para a Palestina. A administração britânica tenta conciliar os oponentes,
limitando a entrada de judeus. Mas a entrada de imigrantes clandestinamente
continua. Entre 1936 e 1939, uma guerra civil explode entre árabes e judeus.
Durante a 2ª Guerra
Mundial (1939-1945), prosseguem as hostilidades na Palestina. Grupos armados
sionistas transformam ingleses em alvos de ataques terroristas. Com o final da
guerra, a notícia do extermínio de cerca de 6 milhões de judeus nos campos de
concentração nazistas, o Holocausto, aumenta o apoio internacional à criação de
um Estado judaico.
Partilha da Palestina
Encerrado o conflito
mundial, os ingleses retiram-se e delegam à Organização das Nações Unidas (ONU)
a tarefa de solucionar os problemas da região. Sem uma consulta prévia aos
árabes palestinos, em 1947 a ONU vota a favor da divisão da Palestina em dois
Estados: um para os judeus e outro para os árabes palestinos. Estes rejeitam o
plano.
Em l4 de maio de 1948, é
proclamado o Estado de Israel, que tem David Ben-Gurion como primeiro-ministro.
Países árabes enviam tropas para impedir a sua criação. A guerra termina em
janeiro de 1949, com a vitória de Israel, que passa a controlar 75% do
território da Palestina, um terço a mais do que o determinado pela ONU. O
restante da área da Cisjordânia é incorporado à Jordânia. Intimidados, cerca de
800 mil árabes fogem de Israel.
Em janeiro de 1949,
Israel realiza suas primeiras eleições parlamentares e aprova leis para
assegurar o controle religioso e educacional, além do Direito de Retorno a
Israel para todos os judeus. A economia floresce com o apoio estrangeiro e
remessas particulares de dinheiro.
Em 1956, Israel
aproveita a crise do Canal de Suez e alia-se à França e ao Reino Unido para
atacar o Egito na Península do Sinai e na Faixa de Gaza. Por intervenção da
ONU, e sob pressão dos EUA e da URSS as tropas israelenses retiram-se da
região. Em 1964, uma reunião de chefes de Estado árabes, no Cairo, cria a
Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Guerras
O acúmulo de tensões
entre árabes e israelenses leva a uma segunda guerra. Israel lança um ataque
contra o Egito, a Síria e a Jordânia, em 5 de junho de 1967. O episódio,
conhecido como Guerra dos Seis Dias, termina em 10 de junho com vitória de
Israel e a conquista do Sinai, da Faixa e Gaza, da Cisjordânia, das Colinas de
Golã, na Síria, e da zona oriental de Jerusalém, que é imediatamente anexada ao
Estado israelense.
0 terrorismo palestino
contra Israel intensificam a partir da eleição para a presidência da OLP, m
1969, de Yasser Arafat, chefe da organização guerrilheira Al Fatah. Em
represália, a aviação israelense faz
constantes bombardeios na Síria e no Líbano, onde a OLP mantém bases militares.
Uma nova guerra eclode em 6 de outubro de 1973, o feriado judaico do Yom Kippur
(Dia do Perdão,festa móvel). Num ataque surpresa, tropas do Egito e da Síria
avançam no Sinai e em Golã mas são repelidas dias depois. Os EUA e a URSS
obrigam Israel a interromper a contra-ofensiva e a assinar um cessar-fogo. Os
árabes descobrem no petróleo uma arma de guerra: usando a Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (Opep), boicotam o fornecimento aos países que
apóiam Israel e provocam pânico mundial com o aumento de preços dos seus
derivados.
Em outubro de 1974,
países árabes reunidos em Rabat, no Marrocos, reconhecem a OLP como único
representante do povo palestino.
Em maio de 1977 a
coligação conservadora Likud ganha as eleições em Israel, depois de três décadas
de hegemonia trabalhista. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, estimula a
instalação de colonos israelenses nos territórios árabes ocupados durante a
Guerra dos Seis Dias.
Em novembro, o
presidente egípcio Anuar Sadat faz uma visita a Jerusalém, o que é visto como
um tácito reconhecimento do Estado de Israel. A iniciativa abre caminho para os
acordos de Camp David, nos EUA (1978-1979), assinados por Begin e Sadat, com
mediação do presidente americano Jimmy Carter. Além de estabelecer a paz entre
Israel e Egito, firma o compromisso israelense de negociar a autonomia dos
territórios palestinos. Israel inicia a retirada do Sinai, que é devolvido ao
Egito em 1982. O mundo árabe repudia os acordos de Camp David e expulsa o Egito
da Liga Árabe.
Invasão do Líbano
Em junho de 1982, o
Exército israelense invade o Líbano e cerca Beirute, onde denuncia estar
instalado o quartel general da OLP. Os invasores cortam água e eletricidade, o
que atinge especialmente os civis. Um acordo obtido por americanos, europeus e
árabes sauditas permite, porém, que a OLP deixe Beirute.
Em 16 de setembro de
1982, milicianos cristãos libaneses, aliados de Israel, massacram milhares de
palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, em Beirute, operação
vingativa dos cristãos contra o atentado que matara, dois dias antes, Bechir
Gemayel, o recém-eleito presidente libanês. Em 1983, os israelenses retiram-se
do sul do Líbano, palco de ataques freqüentes dos xiitas libaneses. Mas a
retirada só se completa em 1985, mantendo ainda controle de uma estreita faixa
de território próxima à fronteira.
Novas eleições, em 1984,
terminam empatadas entre o Likud e os trabalhistas. O impasse é resolvido por
um acordo que estabelece o revezamento no cargo de primeiro-ministro entre os
líderes dos dois partidos. O trabalhista Shimon Peres governa até 1986 e o
conservador Yitzhak Shamir, nos dois anos seguintes.
Intifada
Em 9 de dezembro de 1987
eclode a rebelião palestina nos territórios ocupados conhecida como Intifada
(do árabe "revolta das pedras"). A insurreição alastra-se até o setor
árabe de Jerusalém. Israel reprime com brutalidade, sofrendo severa condenação
do Conselho de Segurança da ONU. A opinião pública começa a se tornar favorável
à OLP.
A Jordânia renuncia à
reivindicação de soberania sobre a Cisjordânia, reforçando a posição palestina.
Israel começa a receber a imigração maciça de judeus da União Soviética em
desagregação.
Divergências quanto à
colonização dos territórios ocupados provocam o rompimento da coligação Likud-trabalhistas.
No início de 1990 Shamir forma um novo governo conservador, em aliança com
pequenos partidos religiosos. Os EUA pressionam Israel a suspender a instalação
de colônias judaicas na Cisjordânia e negociar com os palestinos. Shamir
rejeita o arranjo norte-americano.
Em janeiro de 1991,
durante a Guerra do Golfo (1990/91), Israel é bombardeado com mísseis Scud
lançados pelo Iraque. A pedido do governo norte americano, o país não revida (o
que poderia destruir a coalizão anti-Iraque, que incluía países árabes).
Acordo de Paz
As pressões dos EUA por
um acordo de paz entre Israel e seus vizinhos árabes intensificam-se após a
Guerra do Golfo. Em outubro de 1991, realiza-se uma conferência
"simbólica" árabe-israelense em Madri, na Espanha. Representantes
palestinos participam como membros da delegação jordaniana, diante da recusa
israelense em negociar com a OLP. O processo de paz inaugurado em Madri, no
entanto, é levado em banho-maria pelo governo Shamir.
O impasse começa a ser
rompido com a vitória, nas eleições de junho de 1992, dos trabalhistas
liderados Yitzhak Rabin, que defende negociações com os palestinos com base no
princípio de "terra em troca de paz". O novo primeiro-ministro
anuncia o congelamento parcial da construção de casas judaicas nos territórios
ocupados. Os EUA liberam um empréstimo de US$ 10 bilhões, que tinham bloqueado
para conter a expansão israelense na Cisjordânia.
Em setembro de 1993,
após meses de negociações secretas na Noruega, Israel e a OLP assinam um acordo
de paz, em Washington. O acordo prevê a instalação, em cinco anos, de um regime
de autonomia limitada para os palestinos, inicialmente na Faixa de Gaza e na
cidade de Jericó e, mais tarde, em toda a Cisjordânia. Determina ainda a
retirada das tropas israelenses dos territórios, com o policiamento passando a
ser feito por uma força palestina.
Em 1994, Israel e OLP
levam adiante as negociações sobre a autonomia palestina na Cisjordânia. Entre
fevereiro e outubro, porém, judeus e árabes que se opõem ao processo de paz
realizam uma série de atentados. Mesmo assim o cenário de tensão no distenção
no Oriente Médio é reforçado com a assinatura de um acordo de paz entre Israel
e Jordânia, em 26 de outubro de 1994.
No início de 1995, dois
militantes suicidas do grupo extremista islâmico Hamas explodem bombas num
ponto de ônibus em Netanya. Morrem judeus. Em resposta, o governo israelense
fecha a fronteira, impedindo milhares de palestinos de trabalhar no país. Em
março, Israel e a OLP retomam as negociações.
Finalmente, em 24 de
setembro, Israel e OLP firmam o acordo de autonomia à Palestina intera, após
Israel ter assegurado a sua presença militar em caráter provisório, em Hebron,
para proteger os colonos judeus.
Assassinato de Rabin
Os avanços no calendário
da paz acirram as divisões na sociedade israelense. Para reforçar sua posição
política, Rabin lidera uma grande manifestação pela paz, em Telaviv, em 4 de
novembro de 1995. Na saída do comício, é assassinado por um extremista judeu,
Yigal Amir, de 25 anos, que é condenado à prisão perpétua, em março de 1996. O
Likud, partido conservador, é extremamente criticado por ter tolerado e até
incentivado a retórica extremista.
Dez dias depois do
crime, o chanceler Shimon Peres, arquiteto do plano de paz, assume o governo e
mantém o curso do processo de paz. Mas uma série de bombas explodem entre
fevereiro e março de 1996 e matam 60 pessoas em Israel. A popularidade de
Peres, visto como excessivamente tolerante em relação aos palestinos, despenca.
Peres reage com duras medidas de segurança e em
abril ordena uma retaliação desproporcional a ataques do grupo libanês
Hezbollah ao norte de Israel, com grave ofensiva aérea no sul do Líbano, que
provoca a morte de dezenas de civis e o êxodo de meio milhão de libaneses. No
dia 18 de abril, é bombardeada uma base da ONU na região, causando a morte de
mais de 100 pessoas. Peres lamenta o
engano, mas culpa o Hezbollah pelas baixas civis.
Processo de paz
Paralisado
Nas eleições de 29 de
maio, paradoxalmente, Peres, do Partido Trabalhista, concorre com o lema
"Paz e segurança"; seu adversário, Benyamin (Bibi) Netanyahu, do
Likud, com "Segurança e paz". Surgem dois: novos partidos, o Terceira
Via (um meio-termo entre as propostas trabalhistas e a dureza do Likud) e o
B'Aliyah, dos imigrantes da ex-URSS. Os trabalhistas perdem cadeiras, mas
mantêm-se como o maior bloco no Parlamento (34 das 120 cadeiras, contra 32 da
coalizão do Likud). Netanyahu vence as eleições diretas para primeiro-ministro,
uma novidade do pleito de 1996. Para formar o governo, alia-se com os dois
novos partidos e os religiosos. Depois de um mês resistindo às pressões da ala
mais direitista de sua coalizão, Netanyahu nomeia ministro da Infra-Estrutura o ex-general Ariel Sharon, artífice da invasão do Líbano de
1982 e contrário à entrega de territórios aos palestinos. O processo de paz é
refreado.
Em 17 de julho,
Netanyahu enfrenta uma greve geral, em protesto contra a política de cortes
orçamentários. Em agosto, o governo revoga o decreto que proibia a expansão de
colônias judaicas na Cisjordânia e aprova a construção de 1.800 casas na
colônia de Kiryat Sefer. Fecha o escritório da OLP em Jerusalém e manda demolir
uma casa mantida pela Autoridade Palestina na cidade. Sentindo-se acuados desde
a posse de Netanyahu, que recusa-se a encontrar-se com Arafat, os palestinos
retomam os piores dias da Intifada em plena Jerusalém, em setembro.
Abertura do Túnel
O estopim do novo
conflito é a retomada da construção de um túnel que une a Via Dolorosa (o
caminho que Jesus teria feito ao ir para a cruz) ao Muro das Lamentações
(principal santuário do judaísmo), passando sob a mesquita de Al-Aqsa (o
terceiro lugar mais sagrado do islamismo). As obras estavam paralisadas justamente
por seu potencial de conflito. O governo israelense alega que o túnel aumentará
de 70 mil para 400 mil o número de turistas que visitam anualmente sítios
arqueológicos, mas para os palestinos ele é visto como uma ameaça aos seus
templos. Horas depois da abertura, de madrugada e sob forte proteção policial,
começa a revolta palestina. Agentes armados da polícia palestina trocam tiros
com soldados israelenses, durante dias. Uma reunião entre Netanyahu e Arafat,
convocada às pressas pelo presidente dos EUA, Bill Clinton, em Washington, 1º
de outubro, não leva a nenhum acordo, mas acalma os ânimos e os combates são
suspensos. O conflito causa 60 mortes.
Dinheiro na Suíça
Em maio de 1996, cinco
décadas depois do fim da 2ª Guerra Mundial, o Congresso Mundial Judaico obtém
um acordo com a Associação dos Banqueiros Suíços que permite a uma comissão
independente o "acesso ilimitado" às contas suíças secretas. Com isso
será possível rastrear os bens de judeus saqueados pelo regime nazista e
depositados no país. No mesmo mês, documentos revelados pelos aliados mostram
que a Suíça, militarmente neutra, teve papel fundamental no financiamento do
esforço de guerra nazista.
MULHERES EM ISRAEL
Em Israel há mais de
dois milhões de mulheres. Elas refletem a diversidade do mosaico humano que é
Israel. Algumas empenham-se em mudar a face da sociedade. Outras ainda não
sonhariam em mostrar suas faces em público. Há as que lutam, por uma alta
posição nos campos profissional, comercial e político; muitas outras sentem que
seu lugar é somente dentro do lar. Algumas adotam um comportamento secular;
outras aderem estritamente às tradições religiosas. A maioria, porém, adere à
aceitação bastante larga do papel central da mulher como dona de casa, que cada
vez mais deseja utilizar seus potenciais individuais.
As
mulheres israelenses muito têm feito para diminuir o desnível entre a igualdade
de oportunidades que lhes é garantida por lei e as convenções sociais dentro de
uma sociedade que impede a expressão total dessa igualdade. Ainda existem
tendências contra a igualdade, e de certo modo, muitos insistem na perpetuação
das diferenças de status e de função do homem e da mulher na sociedade
israelense. Em muitos campos de ação, precisam as mulheres fornecer um contínuo
esforço para resolver problemas que as implicam diretamente.
AS PIONEIRAS
Uma
nação lutando por ser reconhecida como igual entre outras
nações não pode dar-se o luxo de não aceitar as
mulheres como iguais entre os homens" declarou Theodor Herzl no Primeiro
Congresso Sionista ( 1897), sublinhando que o ressurgimento do povo judeu na
Terra de Israel seria conseguido através do mútuo esforço de homens e mulheres.
Durante
as décadas seguintes, um crescente número de jovens judeus vieram à Terra
"para construi-la e serem construídos por ela". Eles estabeleceram
uma nova sociedade que não era somente sionista na sua ideologia e socialista
em perspectiva, mas também igualitária ao máximo. Esses três elementos
Sionismo, Socialismo e Igualitarismo - constituíram a força revolucionária que
gerou o êxodo dos judeus dos guetos europeus e a reconstrução de um lar judaico
na Terra de Israel. Embora fossem pouco numerosas, essas pioneiras marcaram de
modo significativo a sociedade israelense.
Antecipando
por muitas décadas os movimentos de liberação feminina em outras partes, as
mulheres vindas com os primeiros pioneiros procuraram a igualdade insistindo em
compartilhar os trabalhos. Elas limparam campos cobertos de pedras,
participaram nas colheitas, construíram estradas e casas, e vigiaram seus
vilarejos ao lado dos homens.
NAS COMUNIDADES
COOPERATIVAS
Aproximadamente sete por
cento das mulheres israelenses vivem nas comunidades cooperativas rurais do
país - o kibutz e o moshav - que são a manifestação do ideal dos primeiros
pioneiros de retornar ao país para trabalhar a terra no quadro de uma estrutura
social produtiva e igualitária.
As mulheres do kibutz
são membros iguais em todos os aspectos. Elas também são social e
economicamente independentes, sendo que as decisões são tomadas pela Assembléia
Geral, constituída pelos membros do próprio kibutz. As refeições, feitas num
refeitório central, são preparadas numa cozinha coletiva. Toda a roupa é lavada
numa lavanderia central; as crianças crescem juntas em estruturas organizadas.
Dispensadas, assim, do tempo destinado aos afazeres domésticos, as mulheres
participam igualmente da força de trabalho do kibutz em todas as áreas da
economia disponíveis. Porém, em contraste com as mulheres do kibutz de duas gerações
anteriores, que tiveram que provar seu valor fazendo "trabalhos
masculinos", a maioria das mulheres hoje em dia são relutantes em
tornar-se envolvidas na agricultura e indústria, preferindo mais os trabalhos
relacionados à educação, saúde e outros serviços. As mulheres que há 75 anos
insistiam em ser dispensadas das lidas domésticas, empenham-se atualmente em
obter um maior envolvimento maternal durante a infância de seus filhos, e
desejam também mais tempo livre para estar em casa com suas famílias.
No moshav, a qualidade
de sócio é por família, embora ambos marido e mulher sejam considerados membros
com direitos próprios. O moshav é uma comunidade agrícola com organização
própria, compreendendo uma média de 60 famílias onde cada uma possui sua própria
vida doméstica, enquanto que a compra, venda e certos serviços comunitários são
realizados cooperativamente. A agricultura é a principal fonte de emprego e
rendimento do moshav, e a família constitui a força básica de trabalho de cada
fazenda.
No moshav, assim como no
kibutz, todas as decisões são tomadas por comitês que lidam com os vários
aspectos da vida comunitária, desde os aspectos econômicos até educativos. Em
muitos comitês, especialmente os destinados aos assuntos culturais, sociais e
de saúde, as mulheres constituem um fator dominante. Deste modo, as mulheres
assumem um papel importante na formação da vida dessas comunidades.
AS MULHERES
TRABALHADORAS
Hoje em dia, as
mulheres em Israel definem a igualdade
em termos de oportunidades iguais: Elas participam virtualmente em todas as
esferas de trabalho no país e correspondem aproximadamente à metade do número
de todos os profissionais. Elas servem no exército, são ativas na política,
negócios e meios de comunicação, além de ter um impacto na vida cultural do
país. Ainda assim, uma grande porcentagem de trabalhadoras tendem a ocupar as
profissões conhecidas como femininas, tais como professoras, assistentes
sociais, enfermeiras e secretárias.
As mulheres totalizam
cerca de 38% da força total de trabalho. A participação feminina varia segundo
a idade, a educação, a origem socio-cultural e a constituição familiar.
PORCENTAGEM DE MULHERES
EMPREGADAS
A faixa etária da
maioria das mulheres trabalhadoras está entre os 34 e 44 anos. Mais da metade
de todas as moças entre os 18 e 20 anos estão no serviço militar compulsório ou
estão engajadas no serviço nacional voluntário. Um número substancial de jovens
entre os 20 e 24 anos estão matriculadas em algum curso de nível superior, e
ainda muitas mulheres entre os 25 e 34 anos permanecem em seus lares
dedicando-se a criar seus filhos.
Há uma correlação
positiva entre trabalho e educação, variando entre os 78,5% do total das
mulheres graduadas na universidade que trabalham fora do lar e somente 13% daquelas
que não tiveram chance de completar o primeiro grau.
O número de mulheres
trabalhadoras em cada uma das comunidades que formam a sociedade heterogênea de
Israel reflete a atitude das mesmas no que diz respeito ao fato da mulher
trabalhar fora de casa, que varia desde o encorajamento e apoio, até encarar o
trabalho como uma violação da tradição.
A participação das
mulheres na força de trabalho tende forçosamente a declinar em relação com o
número de filhos e a idade do filho mais novo da família, visto que para a
maioria das mulheres o papel maternal tem precedência. As mulheres israelenses
buscam soluções como tentar adequar as horas de trabalho com o horário
doméstico ou trabalhando meio período, a fim de conseguirem arcar com a dupla
responsabilidade do lar e do trabalho. Hoje em dia, 43,4% das mulheres
empregadas trabalham meio período.
Em alguns setores, tais
como a indústria, construção e transporte, o número de mulheres atinge somente
10% do total, enquanto que nas profissões acadêmicas e relacionadas a vendas, o
número de mulheres iguala o dos homens.
ÁREAS OCUPACIONAIS
Os esforços para
encorajar as mulheres a participar na força de trabalho através de vários
benefícios, incluem a diminuição dos dias de trabalhos das mães de dois filhos
com menos de 12 anos, taxas subsidiadas para centros de cuidados infantis, o
aumento dos dias de licenças médicas e a proibição de trabalhos noturnos
(exceto nos hospitais). Essas regalias têm capacitado muitas mulheres a
trabalhar e dedicar-se à família ao mesmo tempo, mas, o custo desses incentivos
aos empregadores pode servir como um elemento dissuasivo ao emprego de
mulheres. Há um contínuo debate entre os grupos femininos; alguns querem abolir
todos os incentivos, alegando que eles afetam o princípio de pagamento igual,
que deve ser calculado em relação ao nível de trabalho, e não ao status
familiar; outros encaram esses incentivos como um direito inalienável das
mulheres como mães.
As mulheres em Israel ocupam
altos postos em vários campos. Algumas dirigem seus próprios negócios, são
gerentes de empresas comerciais e culturais, chefiam instituições públicas,
assim como departamentos universitários e hospitalares, trabalham como
secretárias na polícia e nas forças armadas, são juízas na Corte Suprema e em
todos os outros níveis judiciais, trabalham como cientistas e pesquisadoras,
ocupam altas posições nos jornais mais importantes, postos principais nos
serviços civis, incluindo o posto de embaixador. De fato, a maior parte das
esferas de atividade está aberta às mulheres, e, se elas desejam atingir o
topo, geralmente existem oportunidades.
Até agora, porém,
somente uma pequena porcentagem tem aproveitado essas oportunidades. A grande
maioria das mulheres preferem permanecer na faixa mediana da escala
ocupacional. Assim, enquanto que 68% do total de professores do primeiro grau e
22% dos membros das faculdades são mulheres, somente 10% chegaram ao posto de
diretora ou a ser professoras em suas respectivas áreas. Como as normas sociais
colocam a responsabilidade pela casa e pelas crianças principalmente nas
mulheres, a maioria delas é relutante. em assumir um compromisso de tempo e de
energia nas altas posições executivas e profissionais.
A lei israelense garante
pagamentos iguais a homens e mulheres. Porém, como muitas mulheres preferem
trabalhar meio período, e muitas não persistem um longo período no emprego, por
motivos familiares e devido ao receio de empenhar-se demasiado em suas
carreiras, as mulheres acabam por ficar nos níveis mais baixos de salários.
Vinte e cinco por cento
dos cidadãos israelenses estão engajados em trabalhos voluntários em cerca de
250 organizações voluntárias, sendo a maioria deles mulheres, desde
adolescentes até aposentadas.
LEGISLAÇÃO
Uma ampla gama de leis
têm sido decretadas desde o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, para
garantir a igualdade às mulheres nos locais de trabalho.
A Lei do pagamento igual
a trabalhadores masculinos e femininos (1954) estipula que o empregador pagará
à mulher trabalhadora o mesmo salário que ao homem, pela mesma tarefa, naquele
lugar de trabalho.
A Lei do trabalho
feminino (1954) proíbe, entre outras coisas, a demissão de mulheres grávidas
que haviam trabalhado no mesmo lugar durante 6 meses no mínimo, ou de mulheres
que estejam de licença por maternidade. A lei também assegura às mulheres,
depois do parto, 12 semanas de licença por maternidade, tempo que é considerado
como período de trabalho para a acumulação de benefícios, tais como tempo de
trabalho e direitos à aposentadoria. A lei estabelece uma compensação de 75% do
salário habitual, a ser paga pelo Instituto de Seguro Nacional, e autoriza as
trabalhadoras que devem amamentar seus filhos a ausentar-se do trabalho uma
hora por dia. Todos os regulamentos citados anteriormente, relativos às mães
naturais, serão aplicados igualmente às mulheres que adotarem um filho com
idade inferior aos 10 anos.
A Lei dos serviços de
emprego (1959) estabelece que as agências de emprego, ao orientar os que
solicitam trabalho, não devem fazer nenhuma discriminação quanto ao sexo, e os
empregadores não podem recusar um candidato por tal motivo.
A Lei de indenização por
demissão (1963) estipula que a mulher que se demita no curso de 9 meses após
haver dado à luz para cuidar de seu filho deve ser indenizada. O mesmo
acontecerá no caso de uma mulher que casar e cujo marido vive a mais de 40 km
do seu domicílio anterior, ou ainda, no caso em que a mulher necessite
permanecer em casa para assistir ao esposo ou filho doente.
A Lei do Seguro Nacional
(1968) assegura benefícios a todos os trabalhadores, tais como seguro por
desemprego, por invalidez, pensões para os filhos e para pessoas idosas, etc.
Estabelece, também, subsídios às mulheres no momento do parto, parte do salário
na licença por maternidade e pensões por viuvez. As donas de casa podem
assegurar-se pagando mensalmente uma quota para ter direito à pensão durante a
velhice.
A Lei de oportunidade
igual (1981) afirma que os empregadores não podem negar-se a contratar uma
pessoa por razões de sexo, estado civil ou paternal, a menos que haja
incompatibilidade com a natureza do trabalho. A lei também proíbe a publicação
de anúncios oferecendo empregos ou treinamento vocacional que não sejam destinados
a ambos os sexos.
A Lei do empregador e
empregado (idade igual de aposentadoria - 1987) estipula que todos os
trabalhadores, sem distinção de sexo, devem aposentar-se com a mesma idade.
A Lei de oportunidade
igual no emprego (1988) estabelece, entre outras coisas: a proibição de
discriminações por motivos de sexo, estado civil ou paternidade, nas condições
de emprego, promoções e demissões; o direito de obter licença por maternidade
ou para cuidar do filho doente, direito que é outorgado à mãe ou ao pai,
conforme o desejo de ambos; estipula que a discriminação resultante de
perseguição sexual é um delito penal.
VIDA PÚBLICA
No sistema democrático
pluripartidário de Israel, as mulheres
têm acesso a todas as áreas na vida pública. A participação delas está ligada
principalmente aos departamentos femininos dos partidos políticos, e às
organizações femininas.
Desde a fundação das
primeiras instituições do país no início do século, as mulheres estão
envolvidas na vida política e lutam continuamente por obter maiores colocações
nas listas dos partidos, que determinam suas chances de serem eleitas aos
órgãos que formulam as leis. Até agora, as mulheres ainda são sub-representadas
em ambos níveis, nacional e local. Na Knesset, entre os 120 membros do parlamento,
as mulheres nunca excederam os 9,1%. Um estudo recente aponta duas razões
principais para este fato: uma, é a relutância por parte das mulheres em
participar na vida pública; e a outra, que no sistema eleitoral predominante, a
mulher é considerada apenas como um dos vários grupos competidores, e não como
a metade da população.
A lei israelense reflete
um dos sistemas mais modernos e, ao mesmo tempo, um dos mais antigos na Terra,
evoluindo desde 4000 anos de história e quatro décadas de estado moderno. Os
direitos dos cidadãos do país estão garantidos na Declaração do estabelecimento
do Estado de Israel em 1948, que assegura igualdade perante a lei para todos,
sem distinção de religião, raça ou sexo. A Knesset afirmou o princípio de
igualdade das mulheres promulgando a Lei sobre a igualdade dos direitos
femininos (1951), que assegura que "haverá uma só lei para homens e
mulheres . . . toda ação legal e toda providência judicial que discrimine a
mulher sendo nula".
Contudo, nos assuntos
concernentes a casamentos e divórcios, onde a jurisdição é outorgada às cortes
das comunidades religiosas, os direitos femininos são freqüentemente
desconsiderados, pelo fato de que esses tribunais estão vinculados às leis
religiosas, ponderadas tradicionalmente em favor dos homens, especialmente nos
códigos judaico e muçulmano. Muitos esforços são feitos para influenciar os
tribunais religiosos a modificar as leis antiquadas e adequá-las às
necessidades contemporâneas.
Mulheres representantes
da maioria secular e algumas feministas entre as religiosas juntaram-se num
comum esforço a fim de atingir esses objetivos.
Até agora, algumas leis
civis relevantes, que têm precedência sobre os estatutos religiosos já foram
decretadas, tais como as leis proibindo a poligamia e estabelecendo a idade de
17 anos como idade mínima para a mulher se casar. Nos casos de divisão de bens,
herança, e custódia dos filhos, as mulheres podem escolher entre colocar a
questão no tribunal civil ou religioso. O acordo pré-nupcial, defendido por várias
organizações femininas, que especifica cada direito dos nubentes com relação à
propriedade e manutenção na eventualidade do divórcio, parece ser aceitável por
ambas as leis civis e religiosas, e pode representar um importante passo em
direção à igualdade de direitos para as mulheres.
OPORTUNIDADES IGUAIS DE
EDUCAÇÃO
O direito das mulheres à
educação igual começa pelas creches e jardins de infância destinados às
crianças entre 3 e 4 anos, continua com educação gratuita e obrigatória para
todas as crianças entre 5 e 16 anos, e ainda o estudo gratuito para os jovens
até os 18 anos. A maioria das escolas são mistas, embora algumas mantenham
instalações separadas para meninos e meninas por razões religiosas.
Toda a estrutura
educacional do primeiro e segundo graus é disponível igualmente às meninas e
meninos, de acordo com a preferência e habilidade.
Hoje em dia, as meninas
consistem em aproximadamente metade de todos os alunos matriculados nas escolas
técnicas, com um número crescente de alunas que escolhem as áreas de
computação, mecânica, eletrônica, radar e outras matérias.
As sete universidades
israelenses estão abertas a todos os estudantes habilitados. O número de
universitárias aumenta constantemente; hoje em dia, elas representam
aproximadamente a metade de todos os formandos.
A maioria dos
funcionários das instituições educacionais são mulheres. A proporção das
mulheres professoras é maior no primeiro grau do que no nível superior, embora
a presença feminina esteja aumentando em todos os níveis. Atualmente, as
mulheres correspondem a aproximadamente 25% do corpo docente das universidades
israelenses.
As mulheres constituem a
maioria entre os participantes desse projeto atualmente difundido em Israel.
Muitas retornam à escola ou universidade para completar seus estudos após terem
criado seus filhos; outras ampliam seus conhecimentos em outras áreas ou buscam
especializações através de uma grande variedade de cursos oferecidos em todo o
país.
Existem também outros
programas, destinados às mulheres de condições menos favoráveis, que tiveram
pouca ou nenhuma oportunidade de estudar previamente, incluindo:
-Um curso de estudos básicos durante 4 anos (5
horas, uma vez por semana);
-Um tipo de instrução feita no próprio lar, por
soldadas especialmente treinadas;
-Um projeto visando instruir as mães a preparar
e a estimular seus filhos na fase pré-escolar.
SAÚDE
Visto que uma população
próspera é supostamente composta por mães e crianças sadias, existem em Israel
cerca de 900 postos médicos gratuitos destinados principalmente às mães durante
a gravidez, depois do parto e para seus filhos nos primeiros anos. A supervisão
pré-natal inclui a detecção de possíveis complicações e anormalidades; o
cuidado infantil assegura check-ups regulares e imunizações programadas.
Os postos médicos
incluem também orientação quanto à nutrição, planejamento familiar,
desenvolvimento infantil e cuidado aos idosos. Hoje em dia, com todos os gastos
pagos pelo Instituto Nacional de Seguro Médico, quase todos os nascimentos
ocorrem em hospitais, sob a supervisão de pessoal treinado e especializado.
É dada prioridade à
medicina preventiva e ao controle ambiental; a higiene pública e critérios
específicos de alimentação são cuidadosamente supervisionados, assim como a
provisão de serviços apropriados e campanhas de informação pública.
A maioria dos
israelenses têm seguros médicos em alguns dos vários programas disponíveis e
assim, são beneficiados pelas facilidades médicas de alto nível existentes
através do país. Hoje em dia, a relação entre o número de médicos e de
pacientes em Israel é de 1:415, uma das mais altas mundialmente. A sua taxa de
mortalidade está entre as mais baixas E a expectativa de vida das mulheres
atinge os 77 anos, dados que correspondem aos dos países os mais desenvolvidos.
VIDA CULTURAL
As mulheres participam
plenamente da dinâmica vida cultural do país. Sua atividade, abrangendo uma
vasta área dos meios de comunicação cultural, reflete a criatividade feminina.
A vida cultural de Israel está fortemente marcada por certos fatores
determinantes como a herança étnica e tradição religiosa, o desenvolvimento do
país, o longo conflito árabe-israelense, e a vida intensa gerada pela
diversidade da população de Israel e enfim, o lugar da mulher na sociedade.
As mulheres atingiram a
igualdade em todas as áreas da vida cultural do país. Elas figuram entre os
músicos da renomada Orquestra Filarmônica de Israel, outras orquestras
sinfônicas, conjuntos de música de câmara e corais, assim como entre as cinco
companhias de teatro mais importantes e também entre os grupos menores
experimentais através do país.
Desde o seu início, o
Teatro infantil e juvenil é dirigido por mulheres, assim como algumas empresas
teatrais. As mulheres destacam-se na imprensa, no rádio, televisão e cinema,
como produtoras, diretoras, roteiristas, editoras, fotógrafas, locutoras,
atrizes e outras.
Nos 80 museus existentes
em Israel, com assuntos variando desde arqueologia até zoologia, conta-se com
muitas mulheres em seu pessoal de trabalho. Também há muitas escritoras e
poetisas entre os participantes da Semana anual do Livro Hebraico ou da Feira
Internacional do Livro em Jerusalém, que acontece a cada dois anos, e ainda
seus livros podem ser encontrados nas estantes de cerca de 1.000 bibliotecas
públicas e universitárias. Entre os artistas israelenses reconhecidos
mundialmente, há muitas esculturas e pintoras, e seus trabalhos são expostos em
galerias públicas e privadas espalhadas pelo país e no exterior.
O bale clássico e moderno
emergiu e desenvolveu-se em Israel principalmente através dos esforços
femininos. Entre as suas realizações incluem-se a fundação e a manutenção de
várias companhias de dança reconhecidas mundialmente, bale clássico, teatro de
dança iemenita e outros grupos menores. Elas também criaram escolas de dança,
que atualmente estão treinando a segunda geração de bailarinas israelenses. As
mulheres deram um grande impulso ao desenvolvimento da dança folclórica
autêntica de Israel, que combina vários tipos de dança das muitas comunidades
existentes no país, realizando inúmeras apresentações e contando com a
participação de um público entusiástico.
SERVINDO EM UNIFORME
"O
exército representa um símbolo do dever e enquanto as mulheres não forem iguais
nesta obrigação, elas ainda não terão atingido a verdadeira igualdade."
David Ben Gurion
A participação das
mulheres na defesa do país é anterior ao estabelecimento do Estado de Israel em
1948. Já nos primeiros anos deste século, as mulheres participavam na guarda
dos novos povoados judaicos. Durante o período do Mandato Britânico ( 1922-48),
elas participaram das organizações militares clandestinas que protegiam a
comunidade judaica contra os ataques árabes e as restrições britânicas
relacionadas à imigração judaica e à formação de novos vilarejos. Cerca de
5.000 mulheres alistaram-se nas forças britânicas para participar na luta
contra a Alemanha nazista. Na Guerra da Independência, as mulheres lutaram lado
a lado com os homens nas fileiras das Forças de Defesa de Israel (FDI).
De acordo com as leis do
serviço militar, homens e mulheres são requisitados aos 18 anos para o serviço
obrigatório, os homens por um período de 3 anos e as mulheres por 2 anos,
depois dos quais são chamados a servir nas listas de reserva, os homens até os
55 anos e as mulheres solteiras até os 34 anos (embora até hoje elas tenham
sido dispensadas aos 24 anos de idade). As mulheres casadas e as mães não são
recrutadas.
As moças dispensadas por
motivos religiosos podem oferecer-se como voluntárias no Serviço Nacional, onde
trabalham como assistentes médicas ou professoras. O serviço militar é adiado
para as moças que seguem estudos acadêmicos de nível superior em áreas
necessárias às FDI. Somente após completarem seus estudos e o treinamento
necessário, elas servem o exército nas suas especialidades.
Todas as soldadas
dependem de dois comandos: o corpo militar, ao qual elas foram designadas, e
CHEN (o corpo de mulheres). Encabeçado por uma mulher com o grau de general e
fazendo parte do Estado Maior das FDI, CHEN é o corpo responsável pelo
adestramento, pelo bem-estar e pela disciplina das soldadas durante todo 0
tempo de serviço.
As mulheres desempenham
um número cada vez maior de funções nas unidades não-combatantes do exército,
aeronáutica e marinha. Elas ocupam cargos que vão desde as tarefas
administrativas e logísticas até funções técnicas altamente sofisticadas e
especializadas.
Cerca de 17% das
soldadas decidem de continuar servindo nas FDI profissionalmente, em posições
de comando ou em diversos empregos técnicos ou administrativos.
Também na polícia, 19%
do pessoal é composto por mulheres, e cerca de uma quinta parte delas ocupam
cargos de oficiais. Elas estão engajadas numa ampla gama de atividades
policiais, desde o controle do tráfico até interrogatórios e pesquisas
judiciárias. Figuram também como assessoras jurídicas e fiscais. As mulheres de
uniforme em Israel estão à frente do processo que haverá de por término à
segregação ocupacional e aos estereótipos com respeito à capacidade de trabalho
feminino.
MULHERES ÁRABES E DRUZAS
Os 750.000 árabes e
druzos correspondem a 17,5% da população do país. O rápido crescimento dessas
comunidades, que contava apenas 156.000 pessoas em 1949, é devido em grande
parte à alta taxa de natalidade e às melhores condições econômicas e médicas.
Setenta e sete por cento
da população árabe é muçulmana, uma comunidade sobretudo rural (10% dos quais
são beduínos); 13,5% cristãos, uma comunidade predominantemente urbana, e 9,5%
são druzos, vivendo em grandes povoados situados no norte de Israel.
Dos habitantes árabes e
druzos, 49,5% são mulheres, com uma idade média de 16 anos e meio, constituindo
assim, uma população jovem e potencialmente ativa e produtiva.
Com a melhora das
condições ambientais, assim como a expansão dos serviços e cuidados médicos, a
esperança de vida das mulheres árabes e druzas aumentou. Dos anos 50, quando a
esperança de vida não chegava aos 60 anos, hoje em dia passou a 75,8% anos,
enquanto que a taxa de mortalidade infantil caiu de 200 para 28,6 por 1000
durante o mesmo período. A legislação israelense, que assegura a igualdade
feminina perante a lei, seus direitos políticos e seu status independente - o
que não existia antes do estabelecimento de Estado de Israel, tem mudado a
percepção da mulher árabe e druza quanto ao seu papel na comunidade e, até
certo ponto, tem provocado mudanças também, na sua sociedade tradicionalista no
que diz respeito às mulheres. Hoje em dia, elas estão mais envolvidas na vida
comunitária, e um número crescente de mulheres começam a trabalhar fora do lar.
Nas áreas rurais, onde a
tecnologia tem gradativamente libertado as mulheres das tarefas tradicionais da
fazenda, elas cada vez mais saem para trabalhar em fábricas industriais criadas
recentemente nos povoados árabes e druzos, ou em instalações turísticas,
hospitais, etc.
O fator mais
significativo na promoção da posição das mulheres árabes e druzas tem sido a
educação obrigatória. Em 1947, menos de um terço dos jovens árabes e druzos iam
à escola, e somente 22% eram moças. Hoje em dia, virtualmente todas as meninas
entre 5 e 16 anos estão na escola.
Como a educação valoriza
a mulher na sociedade, mais e mais meninas chegam a completar o secundário e um
número crescente continua a estudar, a maioria em escolas profissionais
estabelecidas nas suas próprias comunidades. Desde que o estudo em
universidades significa para a maioria das mulheres afastar-se do lar, há uma
certa hesitação da parte da própria estudante e de sua família em tomar a
decisão de estudar em alguma universidade. Ainda assim, o número de moças que
matriculam-se nas universidades israelenses progrediu de 15% em 1977 para 23,5%
em 1986. As mulheres representam 43% de todos os professores árabes e druzos.
Ao adquirir melhor
educação, particularmente pós-secundária e de nível universitário, as mulheres
árabes e druzas conseguem maiores oportunidades de independência econômica,
assim como para chegar à realização pessoal e profissional em suas respectivas
comunidades.
PROMOVENDO O STATUS DA
MULHER
A preocupação pela
promoção do status da mulher é compartilhada pelas organizações femininas,
centros de estudos universitários e programas de pesquisa, organismos
constituídos especificamente para promover os interesses femininos no público e
ainda estruturas governamentais, a maioria delas criadas por recomendação da
Comissão pelo Status da Mulher, estabelecida durante o Ano Internacional da
Mulher em 1975. Os organismos públicos incluem os seguintes:
Conselheiro do Primeiro Ministro sobre o status
da mulher: Recomenda medidas legislativas e administrativas, trata de
reclamações relacionadas à discriminação feminina, estimula a conscientização
pública dos problemas existentes e mantém contato com organizações relevantes
locais ou de fora do país.
Conselheira sobre o
status da mulher no Ministério da Educação e Cultura: Supervisa currículos e
textos para assegurar a fidelidade aos princípios de igualdade de sexos, e
empenha-se em abolir estereótipos.
Departamento concernente
ao trabalho feminino do Ministério do Trabalho e Assistência Social: Oferece
treinamento vocacional para mulheres, supervisa as condições de trabalho,
assegura o cumprimento da Lei sobre as oportunidades iguais e estabelece
creches para crianças de mães que trabalham fora.
Supervisor da Comissão
dos Funcionários Públicos: Atende às reclamações das funcionárias públicas
quanto aos problemas de discriminação e outras infrações dos direitos
femininos.
Autoridade feminina
empregada em cada ministério: Atua em favor das mulheres trabalhadoras para
assegurar oportunidades iguais de promoção na área governamental.
Comissão nacional pela
promoção do status da mulher: Nomeada pelo primeiro ministro, essa comissão
representa todos os setores da sociedade, reivindicando a promoção do status
feminino nos aspectos principais.
Todos os grupos
engajados no esforço comum de promover os direitos das mulheres lutam por:
-
Conscientizar
a mulher do seu status e encorajá-la a impor sua individualidade através de várias
atividades, tais como grupos de apoio, demonstrações, trabalhos comunitários,
treinamento para liderança e outras.
-
Estimular
mudanças da atitude pública em favor das mulheres, realizando pesquisas e
apresentando os resultados ao público, divulgar o quanto possível assuntos
concernentes às mulheres, seja discriminação sexual ou outras inquietações que
afetam as mulheres.
-
Requisitar
medidas legislativas que colaborem no processo de promoção do status feminino.
ORGANIZAÇÕES FEMININAS
As numerosas organizações
femininas voluntárias, associações e grupos, contando com mais de um milhão de
membros, estão confiadas as tarefas de melhorar a qualidade de vida em Israel,
e, de uma maneira ou de outra, promover os direitos da mulher. Essas
organizações podem ser divididas em várias categorias: as organizações de
múltiplos propósitos, os grupos de interesses específicos e profissionais, e as
associações feministas.
A maioria das
organizações de múltiplos propósitos foi estabelecida durante o período anterior
ao estado, quando foram formados centros de cuidado diário para as crianças de
mães que trabalhavam fora. Hoje em dia, as organizações femininas patrocinam e
administram uma rede de creches e jardins de infância para crianças com mais de
5 anos, assim como grupos de jovens, internatos, centros vocacionais e
comunitários, e ainda programas educacionais para mulheres, aulas de
recuperação, projetos de veraneio para mães de família, e centros
especializados em crises causadas por estupro ou violência física. Em alguns
locais também são oferecidos conselhos em assuntos familiares, orientação legal
e representação nos tribunais.
A intensa atividade das
organizações femininas voluntárias oferece um considerável potencial para
promover os programas referentes às mulheres, em todos os níveis da vida do
país.
O Conselho das
organizações femininas é uma federação que representa as principais
organizações existentes no país, contando com aproximadamente um milhão de
membros.
A meta do Conselho é
estabelecer e estreitar relações entre as mulheres israelenses e as mulheres de
todo o mundo. É aliado ao Conselho Feminino Internacional e ao Conselho
Internacional das Mulheres Judias, ambas organizações não governamentais (ONG)
junto às Nações Unidas.
A atividade do Conselho
no país consiste principalmente nos treze comitês nacionais que funcionam
paralelamente aos respectivos comitês internacionais do CFI, tratando dos
assuntos femininos relacionados a várias áreas: saúde, educação, comunicação de
massa, artes e letras, música, família, economia, meio ambiente, economia
doméstica, relações internacionais e paz, legislação e o status da mulher,
migração, bem-estar social e a mulher no trabalho.
O Conselho das
Organizações Femininas é um fenômeno único de cooperação entre diversas
organizações femininas, promovendo 0 entendimento entre os povos através do
exemplo do companheirismo entre as mulheres.
Trabalho Elaborado por Palmiro
Sartorelli Neto