Introdução
A Revolução
Industrial designa um processo de profundas transformações econômico-sociais
que se iniciou principalmente na Inglaterra. Em meados do século XVIII.
Caracteriza-se pela passagem da manufatura à indústria mecânica. A introdução
de máquinas fabris multiplica o rendimento do trabalho e aumenta a produção
global. A Inglaterra adianta sua industrialização em 50 anos em relação ao
continente europeu e sai na frente na expansão colonial. Entre as principais
características da sociedade industrial, podemos citar: a organização das mais
diversas atividades humanas pelo capital; a predominância da indústria na
atividade econômica e o crescimento da urbanização. Vários historiadores têm
dividido o processo de criação das sociedades industriais em duas fases, a
primeira com duração de 1760 a 1860 e a segunda iniciada por volta de 1860. Com
essa revolução surgiram também novas formas de energia, como a eletricidade e
os combustíveis derivados do petróleo. A velha Europa agrária foi se tornando uma
região com cidades populosas e industrializadas. Com tempo, a Revolução
Industrial influenciou profundamente a vida de milhões de pessoas em todas as
regiões do planeta.
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FATORES
DA PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Revolução Comercial
A primeira etapa da
industrialização foi gerada pela Revolução Comercial, realizada entre os
séculos XV e XVIII, principalmente em alguns países da Europa centro-ocidental.
Para esses países, a expansão do comércio internacional trouxe um
extraordinário aumento da riqueza, permitindo a acumulação de capitais capazes
de financiar o progresso técnico e alto custo da instalação de industrias.
A
burguesia européia, fortalecida com o desenvolvimento dos seus negócios, passou
a se interessar pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção e a investir no
trabalho de inventores na criação de máquinas e experiências industriais.
Além
disso, a Revolução Comercial resultou num aumento incessante de mercados, isto
é, do lugar geográfico das trocas.
A
ampliação das trocas, que a partir do século XVI os europeus passaram a
realizar em escala planetária, levou a radical alteração nas formas de produzir
de alguns países da Europa ocidental.
O aumento da divisão do trabalho
Com
a expansão do comércio, o trabalho artesanal, realizado com ferramentas, típico
das corporações de ofício, foi sendo substituído por um trabalho mais dividido,
que exigiu a utilização de máquinas numa escala crescente. A produtividade foi
incomparavelmente maior. Na França, por exemplo, os sapatos eram produzidos de
forma artesanal: um mesmo artesão cortava, costurava, ou seja, realizava
sozinho diversas tarefas que resultavam na fabricação de um sapato. Depois da
extinção das corporações e do crescimento do mercado, cada operário no interior
das fábricas nascentes foi especializado numa determinada tarefa.
A utilização de máquinas
Muito
cedo verificou-se que maior produtividade e maiores lucros para os empresários
poderiam ser obtidos acrescentando-se ao trabalho dividido o emprego de
máquinas em larga escala.
A
sociedade industrial caracterizou-se fundamentalmente pela utilização
sistemática de maquinário na produção e no transporte de mercadorias.
Para compreender a
importância das máquinas, basta lembrar que elas, ao contrário das ferramentas,
realizam trabalho utilizando basicamente forças da natureza, como o vento, a
água, o fogo, o vapor, e um mínimo de força humana. Alguns pensadores afirmam
que a humanidade realizou seus maiores progressos criando máquinas para utilizar
as energias da natureza. O progresso se realizou nos momentos em que a
humanidade conseguiu fazer as forças da
natureza trabalharem
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por ela por meio das
máquinas.
A exigência de
produzir mais, com o aumento das trocas, praticamente “forçou” o progresso
técnico, que passou a constituir um dos traços mais significativos do moderno e
contemporâneo.
REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL NA INGLATERRA
A primeira fase da
revolução industrial (1760-1860) acontece na Inglaterra. O pioneirismo se deve
a vários fatores, como o acúmulo de capitais e grandes reservas de carvão. Com
seu poderio naval, abre mercados na África, Índia e nas américas para exportar
produtos industrializados e importar matérias-primas. Ao longo dos séculos XVI,
XVII E XVIII, houve o acúmulo de capitais em mãos de um pequeno grupo
investidor. Esses capitais provinham do comércio colonial, do contrabando, do
tráfico de escravos, de transações com outros países. Esses capitais eram
igualmente acumulados através de operações no setor da produção agrícola. Esses
capitais não eram atingidos por tributos elevados e desde o século XVII
dispunham de uma empresa bancária sólida ¾ o Banco da
Inglaterra ¾, onde inclusive poderiam ser depositados com amplas garantias, sem se
esquecer a possibilidade de obtenção de créditos.
Os setores
empresariais dispunham de mão-de-obra numerosa e dependente, pois
desvinculada dos meios e instrumentos de produção. Essa mão-de-obra crescia em
função do aumento demográfico causado pela diminuição do índice de mortalidade
e manutenção de alto índice de natalidade, pelo êxodo rural provocado pelos
“enclosures” que criavam numerosos indivíduos sem emprego, e pela falência das
corporações de ofício, o que, posteriormente, foi ampliado com o declínio das
manufaturas.
Com a mecanização,
aumentando a produção e os lucros, as indústrias se expandiram, embora determinados setores da
produção industrial conhecessem
progressos mais rápidos do que os verificados em outros setores.
No setor dos
transportes, duas invenções foram importantíssimas: o navio a vapor, construído
por Robert Fulton (1807), e a locomotiva a vapor, idealizada por George
Stephenson (1814).
Fatores
da Revolução inglesa
Acúmulo de capital – Depois da Revolução Gloriosa a burguesia inglesa se
fortalece e permite que o país tenha a mais importante zona livre de comércio
da
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Europa. O sistema financeiro é dos mais
avançados. Esses fatores favorecem o
acúmulo de capitais e a expansão do
comércio em escala mundial.
Controle do campo – Cada vez mais fortalecida, a burguesia passa a
investir também no campo e cria os cercamentos (grandes propriedades rurais).
Novos métodos agrícolas permitem o aumento da produtividade e racionalização do
trabalho. Assim, muitos camponeses deixam de ter trabalho no campo ou são
expulsos de suas terras. Vão buscar trabalho nas cidades e são incorporados pela
indústria nascente.
Crescimento populacional – Os avanços da medicina preventiva e sanitária e o
controle das epidemias favorecem o crescimento demográfico. Aumenta assim a
oferta de trabalhadores para a indústria.
Reservas de carvão – Além de possuir grandes reservas de carvão, as
jazidas inglesas estão situadas perto de portos importantes, o que facilita o
transporte e a instalação de indústrias baseadas em carvão. Nessa época a
maioria dos países europeus usa madeira e carvão vegetal como combustíveis. As
comunicações e comércio internos são facilitados pela instalação de redes de
estradas e de canais navegáveis. Em 1848 a Inglaterra possui 8 mil km de
ferrovias.
Situação geográfica – A localização da Inglaterra, na parte ocidental da
Europa, facilita o acesso às mais importantes rotas de comércio internacional e
permite conquistar mercados ultramarinos. O país possui muitos portos e intenso
comércio costeiro.
EXPANSÃO
INDUSTRIAL
A segunda fase da
revolução (de 1860 a 1900) é caracterizada pela difusão dos princípios de
industrialização na França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos
e Japão. Cresce a concorrência e a indústria de bens de produção.
Primeiro automóvel a
gasolina industrializado
Nessa fase as principais mudanças no processo
produtivo são a utilização de
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novas formas de
energia (elétrica e derivada de petróleo o aparecimento de novos produtos
químicos e a substituição do ferro pelo aço.
Nesta
fase formaram-se empresas gigantescas, algumas das quais deram origem às
multinacionais do século XX. Surgiram eletricidade e os combustíveis derivados
do petróleo.
Conseqüências da Revolução Industrial
Empresários e
proletários
O novo sistema industrial transforma as
relações sociais e cria duas novas classes sociais, fundamentais para a
operação do sistema. Os empresários (capitalistas) são os proprietários dos
capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e bens produzidos pelo trabalho.
Os operários, proletários ou trabalhadores assalariados, possuem apenas sua
força de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias em troca
de salários.
Exploração do
trabalho
No início da
revolução os empresários impõem duras condições de trabalho aos operários sem
aumentar os salários para assim aumentar a produção e garantir uma margem de
lucro crescente. A disciplina é rigorosa mas as condições de trabalho nem
sempre oferecem segurança. Em algumas fábricas a jornada ultrapassa 15 horas,
os descansos e férias não são cumpridos e mulheres e crianças não têm
tratamento diferenciado.
Movimentos operários
Surgem dos
conflitos entre operários, revoltados com as péssimas condições de trabalho, e
empresários. As primeiras manifestações são de depredação de máquinas e
instalações fabris. Com o tempo surgem organizações de trabalhadores da mesma
área.
Sindicalismo – Resultado de um longo processo em que os
trabalhadores conquistam gradativamente o direito de associação. Em 1824, na Inglaterra,
são criados os primeiros centros de ajuda mútua e de formação profissional. Em
1833 os trabalhadores ingleses organizam os sindicatos (trade unions)
como associações locais ou por ofício, para obter melhores condições de
trabalho e de vida.
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Os sindicatos conquistam o direito de
funcionamento em 1864 na França, em 1866 nos Estados Unidos, e em 1869 na
Alemanha.
Aumento
da produção e da urbanização
Em virtude da
Revolução agrícola que diminuiu a necessidade de muita mão-de-obra nos meios
rurais
INDUSTRIALIZAÇÃO
E MUNDO COLONIAL
O
aumento da produção industrial no início do século XIX fez com que a burguesia
inglesa se preocupasse cada vez mais com a abertura constante de novos
mercados. Para a Inglaterra tornou-se interessante a derrubada das barreiras
mercantilista que criavam obstáculos ao comércio internacional.
Nas
primeiras décadas do século XIX, os ingleses contribuíram decisivamente para a
derrubada do Pacto Colonial na América ibérica, apoiando os grupos locais que
lutavam pela independência. Com o fim da dominação colonial de Portugal e
Espanha, iniciou-se nessa parte da América uma fase de dominação do
imperialismo inglês.
REVOLUÇÃO
NOS TRANSPORTES
No
início do século XIX, a máquina a vapor começou a ser utilizada nos meios de
transporte. Data de 1807 o primeiro barco a vapor. Em 1825, na Inglaterra, o
engenheiro George Estephenson conseguiu construir a primeira estrada de ferro.
Com
o barco a vapor e as estradas de ferro,
o tempo das viagens diminuiu, o custo dos transportes baixou e aumentou ainda
mais o volume das trocas, isto é, o mercado. Com o aumento das trocas e a
conseqüente necessidade de produzir mais, tornaram-se cada vez maiores os
avanços da industrialização.
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CONCLUSÃO
Chegamos a conclusão de que a Revolução
Industrial foi para trazer transformações econômicas-sociais que consistia em
ampliar os limites de suas relações comerciais e desenvolver mercados em outros
continentes. E nesse esforço para expandir a região desenvolvia com maior
rapidez seus recursos minerais, fontes de energia e outros.