Vincent
van Gogh
Vincent van Gogh não se enquadra em nenhuma escola de
pintura, embora sua extraordinária percepção das cores possa ter se originado
das teorias impressionistas. Foi depois de se juntar ao irmão Théo, em Paris, e
conhecer os "Impressionistas" que van Gogh começou a abandonar os
tons escuros que até então usara, preferindo as cores puras primárias e
secundárias, e adotar as pinceladas irregulares que davam uma sensação de
luminosidade e leveza aos quadros impressionistas. Começou também a pintar a ar
livre, hábito que conservou até morrer. A técnica de pinceladas firmes e
carregadas que criou para seu próprio uso, aplicadas sem hesitação,
permitiu-lhe pintar rapidamente e produzir um vasto número de obras nos últimos
dois anos e meio de sua vida.
Vincent William van Gogh nasceu em Groot-Zundert, uma
cidadezinha em Brabante, no dia 30 de março de 1853. O pai era pastor
protestante e van Gogh herdou dele o forte sentimento religioso pela vida e
pela natureza que caracterizou o seu trabalho. Ele e o irmão mais novo, Théo,
eram muito amigos e este não só incentivou o seu desejo de ser pintor como, na
verdade, susentou-o financeiramente nos últimos anos de sua vida. O primeiro
emprego de Vincent foi nas filiais de Paris, Bruxelas e Londres da Goupil e
Cie, empresa que negociava objetos de arte fundada por seu tio. Mais tarde,
tentou ensinar em Londres e, depois, trabalhou pregando nas minas e distritos
agrícolas pobres de Brabante. Foi aí que van Gogh começou a expressar nos seus
desenhos o que sentia pelas pessoas que o cercavam. Vivia tão pobre quanto
elas, ao lado de uma prostituta que tomara a seus cuidados, mas a sua dedicação
cristã foi mal compreendida e a sua igreja o censurou.
Mais tarde, um amor não correspondido levou-o a tentar
o suicídio. Em 1880, van Gogh resolvera estudar arte em Bruxelas e Haia, acabou
por juntar-se ao irmão Théo, que trabalhava para o Goupil e Cie em Paris. Ali,
van Gogh conheceu Degas, Pissarro, Signac, Seurat, Toulouse-Lautrec, Monet e
Renoir, e descobriu a sua verdadeira vocação.
Depois de dois
anos em Paris, durante os quais pintou mais de duzentos quadros com a ajuda
financeira do irmão, van Gogh foi para Arles, no sul da França. Alugou um
estúdio num local batizado de Casa Amarela e ali esperou que o amigo Gauguin
viesse lhe fazer companhia. Gauguin relutava mas, como Théo era o seu marchand,
sentiu-se obrigado a passar algum tempo com Vincent. Os dois homens
estabeleceram-se em Arles, mas a tenção entre eles era muito grande,
principalmente devido
ao temperamento exaltado de van Gogh, e Gauguin
anunciou que ia voltar para Paris. Uma noite, percebeu que estava sendo seguido
pelos
jardins públicos de Arles por van Gogh que o ameaçava
com uma lâmina de barbear ou faca. Gauguin dormiu aquela noite no hotel e, no
dia seguinte, voltando a Casa Amarela, soube que tinham levado van Gogh para o
hospital. Vincent cortara parte da orelha e a dera de presente a uma prostituta
do bar que os dois costumavam freqüentar.
Depois disso, van Gogh retirou-se voluntariamente para
um asilo para doentes mentais em St-Rémy-de-Provence, onde esperava recuperar a
confiança em si mesmo e a estabilidade mental. Enquanto esteva internado,
pintou sem parar e escrevia ao irmão e a Gauguin garantindo-lhes que já estava
curado. Outros se seguiram; van Gogh percebeu que era vítima de uma doença
incurável.
Em 1890 deixou St-Rémy e o clima ameno do sul e,
seguindo o conselho de Pissarro, foi para Auvers-sur-Oise, onde um certo Dr.
Gachet cuidou dele. Ali continuou pintando mas, depois de uma visita a Paris,
onde soube das dificuldades financeiras do irmão e da doença do sobrinho, van
Gogh teve uma recaída. Um dia, enquanto pintava ao ar livre em Auvers, deu um
tiro no peito. O ferimento não parecia ser muito grave. Dr.Gachet fez o curativo
e chamou Théo em Paris. Dois dias depois, em 29 de julho de 1890, Vincent van
Gogh morria. Foi enterrado no cemitério de Auvers.